sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Vacances

Já vou em contagem decrescente para uma semana de férias. Uma semana, sei-o bem, serve para apenas para deixar pousar no palato o doce sabor de se ser dono do próprio destino, o tempo suficiente para se tornar doloroso o regresso aos compromissos sociais. Vai saber bem, nevertheless, deixar de ouvir as músicas de Natal que rodam no gabinete há algumas semanas ou não ter que me concentrar nas exigências de um público carente de atenção e certificações. Guardo as energias assim para pôr o jogging e a natação em dia, marinar algumas ideias e refastelar-me num bom par de livros. O primeiro fim-de-semana será campestre, por carências de amizades várias e porque já não me lembro do som do vento nas folhas à beira-Vouga.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Milongas às quintas

É a última sessão do mês. Hoje relembramos a arrastadinha ou o sandwich? No sonoro, Carlos Gardel? Quantas vezes vou trocar de par? Não me posso esquecer dos sapatos, são os únicos que deslizam ("e a dupla sacada, já não sei se me lembro bem como faço", pensam eles para os seus cordões). A hora não passa. Ainda falta uma entrevista, depois um café, um jantar de família, e lá vou eu de encontro à felicidade de uma hora e meia de tango argentino. A milonga vai começar!

No restaurante dos preços sociais

Senhora de idade com ar contemplativo:
"- Diz que não se pode beber com os medicamentos..."
Senhor da mesma faixa etária responde:
"- Nah! À hora de almoço só faz bem!"

Jane Birkin


É já sexta-feira, no Teatro Aveirense que a musa de meia dúzia das mais interessantes cabeças criativas do final do século passado, modelo-actriz-intérprete-realizadora-argumentista (a parte da mãe-mulher-viúva também faz parte do plot, pelo menos em França), nos visita. Apresenta novo álbum, de onde saltou esta, dos Divine Comedy, que muito tem rodado no leitor da voiture.
"I really should be getting home/ they say it's where the heart is"

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Short Message Service

O telemóvel vibra em cima da mesa, na pasta, no casaco, por baixo da almofada, acrescentando novos capítulos haiku a um romance SMS. Nunca poderia prever que um pequeno Samsung preto, de ecrã luminoso, pudesse bulir assim com a vida da gente.

A vida continua?

O frio de uma cidade de granito, na margem direita de um rio de ouro, pede uma bebida quente. Entro num desses novos cafés trendy mas casual e peço, indeciso quanto ao sotaque a adoptar, um cappuccino, à menina de olhar curioso sobre o meu romance do Vargas Llosa. A saudade, essa maluca, continua a moer-me os dias. Deixa-me desnorteado, essa coisa de já não ser quem era há uns tempos atrás.
Ia espreitar na Fnac o show case (terceiro inglesismo em dois parágafos, tenho que estar atento) de um novo cantor italiano, mas fiquei paralizado com o trânsito de carros e pessoas, e decido deixar de lado a ideia de um roteiro de actividades culturais gratuitas, útil para curiosos tesos ou forretas. Esta semana já incluiu, desse roteiro, uma visita dominical a Serralves e duas matinés de cinema de animação.
Deixar de ser metade de dois para passar a ser um só tem destas coisas. Sobra-nos tempo e afecto, que investimos no universo.