quinta-feira, 19 de junho de 2008

Férias


Por estas bandas até dia 29. A todos um bom solstício de Verão e boas sardinhadas!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Personagens à procura de uma história # 2.3

domingo, 15 de junho de 2008

Fantasmas de acrílico # 6

Pedagogia freiriana


Lido: Pedagogia do Oprimido, o célebre texto de Paulo Freire que inspirou gerações de 'educólogos' e não só. O livro é uma espécie apologia apaixonada da educação como motor de libertação de todos os homens explorados. A especificidade da teoria dialógica, que seguramente terá servido de fundamento para a filosofia de base do reconhecimento e validação de competências (não da sua aplicação, infelizmente), reside no advogar da implicação necessária dos 'sem voz' na construção do seu próprio projecto educativo. A mudança e o caminho para o fim da relação opressor-oprimido só poderá acontecer através desse envolvimento das 'massas', processo que pressupõe a tomada de consciência ("conscientização") da situação de opressão. Interessante também é perceber que, apesar das várias chamadas de atenção contra o perigo da sloganização de muitas esquerdas (que reproduzem dessa forma a 'invasão' e a imposição de valores da relação de opressão), o próprio Freire evoca como modelos positivos de liderança revolucionária figuras que se revelaram historicamente inimigas exemplares das mesmas 'massas' que tão fervorosamente pareciam querer defender (como Fidel Castro ou Mao Tse Tung). Apesar desse 'pecado' intelectual, esta é uma leitura que nos consegue insuflar paixão pela educação como utopia da igualdade.

terça-feira, 10 de junho de 2008

And now, the moment we were all waiting for...

De vez em quando existe uma voz cristalina que podemos fazer de conta ser a voz da nossa geração. E Feist dá-nos tudo: the looks, the brains, óptimas melodias e letras, carisma e um vibrato que nos reconcilia com a vida a meio de uma semana de trabalho ingrato. Encontramo-nos logo às nove, em frente ao Coliseu?

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O homem do ultra-fundo

O homem sentou-se, meio afogueado e com ar apressado. Afastou os cabelos em caracol lançando-os para trás da testa e fez perguntas telegráficas sobre o que fazia ali, não parecendo muito interessado nas respostas. Que sim, tinha interesses fora do local de trabalho (estava a entrevistá-lo no grande salão de reuniões dos chefes, e nem isso o inibia), a verdadeira vocação dele era ocupar-se de lesões de futebolistas. O que lhe interessava mesmo era um cursito de inglês, para poder entabular um diálogo com alguns dos atletas ou para quando receber na cave onde passa oito horas bem contadinhas por dia um novo chefe para o ouvir falar dos cuidados que presta a milhares de garrafas de vinho em estágio. No passado? Fui atleta de fundo e ultra-fundo. Nunca ouviu falar? Corria os 100 quilómetros. Olhei-o incrédulo. Assegurou-me um 68º lugar numa competição em França e um 8º em Espanha em tempos idos, que até o encontrava se pesquisasse assim e assim na Internet. Assegurou-me que os meus 10 km, duas vezes por semana, já não eram nada maus. E sai dali com aquela distância na cabeça. Imaginei a solidão de um homem na batalha contra as suas dores e pensamentos, tentando esconder dos outros que vive numa realidade paralela, preenchida pelo sonho permanente de uma meta que está sempre na curva seguinte.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Valencia connection (pausa publicitária)

Tem meio dia de trabalho que possa dispensar? Desespera por uma escapadela de fim-de-semana? Não é cedo nem é tarde! Aproveite as promoções da low cost mais próxima e vá passar dois dias inesquecíveis a Valencia! Conheça os arrebiques da arquitectura histórica e arte nova ou o contraste entre os delírios megalómanos de Calatrava, a habitação popular e os okupas; visite o parque verdejante reivindicado pela própria cidade há mais de meio século e que ocupa o que era outrora o próprio leito do rio; desconcerte-se com os horários e a subjectividade da gastronomia local; conheça a movida do bairro Carmen, súmula de tudo o que há de tradicional e moderno no país de nuestros hermanos; assista no teatro principal à nova peça da companhia de Rafael Amargo;

... pasme com o kitsch deslumbrante das falleras e os seus vestidos barrocos;

... conheça o IVAM, onde pode apreciar, inesperadamente, as últimas telas do colombiano Botero;

... delicie-se com o chocolate quente e os mojitos fresquinhos que espreitam a cada esquina; passeie pelas ruas e aprecie os sons e a presença exuberante dos nativos; relaxe nas praças e esplanadas; siga uma procissão colorida e cantante que culmina na devoção à Virgen dos Desamparados. Some ao arquivo do para-mais-tarde-recordar e esboce vários sorrisos.
(obrigado, mr.P)

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Navegar com Gore Vidal


Navegação ponto por ponto, explica-nos o autor como introdução a mais um volume das suas memórias, designa a capacidade de orientação a partir de um conjunto de referências geográficas, uma espécie de mapeamento em construção. A premissa explica o registo da reflexão autobiográfica de Vidal, cativante e estimulante como sempre foi para mim, agora com o plus de oitenta e três anos de vivências tudo menos desinteressantes ou monótonas. No final, ficamos com a impressão de uma cartografia pessoal de uma época, mais do que o percurso biográfico de um autor que nunca se deixou encurralar pelas ideologias ou pelo senso comum. Vivo e observo, logo experimento e desafio, parece-nos dizer Vidal, em jeito de testemunho pela sua passagem por este velho pequeno planeta. E por ali ficamos a saber que Greta Garbo aprendeu a praticar ioga depois de ter sido dispensada pelos estúdios ou que Roma era uma cidade interessante para morrer.
Navegação Ponto Por Ponto - Memórias 1964-2006, de Gore Vidal, Editora Casa das Letras

domingo, 1 de junho de 2008

Mosaico de Valencia