sábado, 27 de fevereiro de 2010

Quase post


Este ia ser um pequeno post sobre um pequeno livro. Mas escrevê-lo, ao post, trouxe à memória o momento em que o li. Ao fechá-lo, ao livro, reparei nesta senhora sentada na berma da piscina. Sobredimensionada no seu maillot preto, olhava para a água com ar de quem tinha deixado algo de importante no caminho. Demasiado tarde, estava longe de casa, o livro estava lido e o post estava escrito.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Quase a preto e branco*


* propostas de ilustração no âmbito de um workshop dinamizado pela Manuela Bacelar e promovido pela UP em Março de 2008

Aritmética hidrófila

Chegar do trabalho, despir e equipar (calção, chinelos, touca, óculos e mola de nariz): cinco minutos. Duche antes do tanque: um minuto. Aquecimento: alongamentos e duas piscinas em estilo bruços. Treino: setenta piscinas estilo croll, com aceleração final. Catorze braçadas por piscina. Arrefecimento: duas piscinas estilo livre. Total: 45 minutos. Duche e muda de roupa: cinco minutos. Pausa meditativa: 15 segundos, antes do regresso ao trabalho.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Desaforismo #3

Entre um chefe e um amigo vai a distância de um castigo. Quem isto não sabe ver, nunca se irá resolver.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Animação e ciência


Na próxima quinta-feira, às 21h30, no Passos Manuel: sessão de curtas de animação comentadas. Mais info aqui.Entrada livre. Vêmo-nos por lá?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Poesia ilustrada #2


guardas a chuva
na concha da mão

colo de águas
daninhas

onde bebo
a nostalgia das marés.


in Um Circo no Nevoeiro, de Renata Correia Botelho, ilustração de Luís Manuel Gaspar (Averno, 2009)

Poesia ilustrada #1


in Oráculos de Cabeceira, de Rui Pires Cabral, ilustração de Daniela Gomes (Averno, 2009)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

"O diário da viagem" #3


Pedro Fernandes, ilustrador de ciência (e não ilustrador científico, como frisou, para se distanciar do determinismo do termo), mostrou-nos os 'seus' bichos, pontuando com pequenas contextualizações do trabalho de campo desenvolvido.

E, finalmente, Margarida Boto, educadora de infância, que utiliza essencialmente a técnica da colagem e que nos mostrou extraordinários exemplos do potencial criativo das crianças, utilizando o mesmo suporte.
No final, um animado debate sobre o lugar do desenho na arte e no ensino (afinal, era uma plateia quase só de professores de educação visual), moderado pelo craque dos diários gráficos, Eduardo Salavisa.

"O diários da viagem" #2


Primeiro, Telmo Castro, arquitecto, para quem o diário gráfico é uma indispensável ferramenta de registo (as mãos eram o elemento mais expressivo).

Depois Mário Bismarck, professor de pintura na FBAUP, que nos deu uma pequena lição sobre os magníficos cadernos de Henrique Pousão, que reflectem o seu fulgurante e prematuro percurso académico.

"O diário da viagem"



Hoje de manhã, no bucólico ambiente matinal do Museu Soares dos Reis, uma pequena conferência em que se partilharam perspectivas sobre o diário gráfico como ferramenta de registo, expressão, ensino ou comunicação.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Amanhã de manhã por aqui...

Nas Nuvens


Acabadinho de ver, com o home ao lado a dormir (como acontece com muitas caras-metades na sexta-feira à noite). E vejam só, um filme com uma grande estrela de Hollywood ainda nos pode surpreender. Para mais, com uma metáfora tão simples que até admira que ninguém se tenha lembrado dela antes: um homem que não consegue assentar os pés na terra porque passa a maior parte do tempo no ar, em trânsito entre lugares. Até descobrir, caindo na esparrela mais antiga do mundo (yep, essa mesmo), que o seu lugar era lá em cima, no intervalo.
(obrigado, Berta, pela dica do filme)

Desaforismo #2

Dizer que alguém é um enfant terrible do mundo da moda é ignorar o facto de que um verdadeiro enfant terrible teria mais o que fazer do que se meter nessas vidas.

Desaforismo #1

Cada vez que leio um jornal interrogo-me se os direitos humanos realmente se aplicam à nossa espécie.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Antestreia



A Single Man, de Tom Ford (realizador vindo do mundo da moda e com formação em arquitectura) a partir da obra de Christopher Isherwood. Só sabia que tinha a Julianne Moore e envolvia maricas, pretextos suficientes (de resto os bilhetes foram gentilmente oferecidos). O actor principal vai bem (só a meio do filme o associei ao Valmont), o texto é interessante e o filme termina quando deve terminar, o que é uma raridade (geralmente depois de acabar a narrativa os violinos continuam durante meia hora). É tudo muito bonito e de encher o olho para os apreciadores do design (de roupa, cabelos, mobiliário, automóveis, corpinhos de rapazes e tudo o resto). Pode até ser esse o intuito dos autores: comover-nos com a beleza, para onde é vertida a história (que se torna assim um mero pretexto). Não me convence, mas deixa vontade de ler o livro.

Perturbações, hoje

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Pássaro inexistente...


... sugerido pela fauna Cubana.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Teorema de criatividade


Eu não acho que fazer borboletas do tamanho de pessoas seja sinal de que os teus desenhos não evoluem. Eu acho que essas borboletas provam que a imaginação das professoras desapareceu no dia em começaram a fazer insectos proporcionados.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A pedido de algumas famílias


OBS: para ver a parte final do filme é preciso selecionar o vídeo seguinte, que aparece logo após a conclusão.

Partícula divina

No trabalho, como na vida, encontramos todo o tipo de pessoas. Quando as coisas correm bem, desprezamos as arrogantes e mal-educadas. Quando correm mal, é só para elas que olhamos. E esquecemos a forma generosa como alguns nos abrem as portas às suas histórias, sem agendas ocultas. Esquecemos como podemos ser raros e brilhantes. Como este senhor de 1 metro e 40, mãos empedernidas e olhar atento, que há dias, ao concluir a sua formação, disse sentir-se, num enlevo de candura, naquele momento e entre nós, como uma pequena partícula divina.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Escritores às aranhas


A fome de letras é como é a outra: quando toma conta de nós o vazio ameaça devorar-nos. E há autores que são como aquele restaurante a que voltamos sabendo de antemão que o repasto será bom, naqueles momentos em que não brilhamos de iniciativa e curiosidade por novos paladares. As idiossincrassias digestivas são uma das nossas maiores particularidades, tenho vindo a reparar, pelo que os gostos aqui não são transmissíveis. E assim introduzo David Leavitt, de que sou leitor recorrente. Apareceu aqui por casa um volume das suas short stories, que estou a reler na língua mãe, nos intervalos de outras leituras, e que são uma prova editada da perícia dos autores norte-americanos neste modelo literário. Não sei como explicar, mas ao ler aquelas histórias de disfuncionalidade, sinto como que qualquer coisa de regresso a casa.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A poesia é...

... esse feliz defeito da memória:
um olhar é um feixe de energia
um toque de mãos uma trasmudação cósmica
três palavras uma religião.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Workshop: esboços rápidos


Carmen, Jane Tarr e Luísa...

... Maeve Landman...

... Fernando, Eunice e Luísa Cortesão.

Bilhete sónico


Já cá canta, já lá pulo!

Mudança e Troca Cultural #2

Foram dias intensos, os últimos, de consolar a alma. Uma boa parte da culpa deve-se ao workshop e ao ambiente caloroso que se gerou (alguma vez imaginaria conseguir tratar por tu a Luísa Cortesão, minha antiga professora na universidade, catedrática e jubilada, enquanto partilhávamos de gatas desenhos em papel de cenário?). Experimentei intensamente estratégias para abordar a metodologia das histórias de vida, e estranhamente só então realizei ser essa a própria matéria do meu trabalho profissional e associativo. A partir de artefactos, partilha musical, entrevistas, genealogias, demos esse pequeno passo de gigante que é passar da pequena história privada para a grande História dos colectivos humanos.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

The Knife: "Pass this on"


Da Suécia vem quase sempre bons ventos. Aqui dois irmãos numa sintonia inusitada, a provar que a electrónica é uma ideia feliz que acabou apenas de nascer.

Workshop: Mudança e Troca Cultural


Hoje, amanhã e depois. 3 dias a explorar diferenças e formas de abordar narrativas de vida como motores para a mudança. Na FPCEUP, com a sabedoria e experiência de Jane Tarr e Nick Clough, a voz doce e possante do músico e contador de histórias Chartwell Dutiro (na imagem, com o seu mbiro, um instrumento de som encantatório, usado em cerimónias de evocação de espíritos de antepassados no Zimbabwe), e ainda a assertividade política da socióloga Maeve Landman. Primeira sessão: debater, cantar e contar a nossa história a partir de um objecto. Escolhi o meu pequeno leitor de mp3 e no meu perro inglês tentei explicar a importância que o universo musical tem nas várias dimensões do meu percurso pessoal, profissional e activista.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

MGT: Muthspiel, Grigoryan e Towner


Foi no sábado passado, na Casa da (quase toda a) Música. 3 guitarristas exímios, num encontro feliz.

Anacronismo tecnológico


Como que para dar razão à amargura dos nostálgicos, as capas dos vinis não cabem no tempo formatado dos scanners.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Um livro aberto

O drama, o horror, uma história de vida, uma grande causa num pequeno ecrã. Cortesia do Porto Canal, a estação preferida do povo tripeiro, na próxima sexta-feira, das 13 às 14h (não vale rir! Ok, só um bocadinho...).

Do baú

os poemas são inúteis
não reparam a tua ausência

mas os livros sim
explicam-te e celebram-te
iluminas as palavras escondidas nas folhas cativas
abertas à passagem do amor

é esquisito
nos últimos tempos só me visto da tua nudez
o limbo parece mais apetecível
cheio de sorrisos, lágrimas e pernas enlaçadas,
café narciso e laranja matinal,
estrella de galicia e creme l’oreal,
poesia SMS

estou quase preparado para ser pescado
é o preço que os amantes pagam
pela ilusão de eternidade

não importa,
o teu toque nas minhas coxas
vai perdurar por todos os Setembros

sou a profunda melancolia no teu dorso
que sacodes com a língua entre os dentes
enquanto me convidas para um novo capítulo
do teu inesgotável kama sutra

o perigo espreita,
está na hora de subir os lençóis,
flectir o antebraço
e mergulhar no amplexo da tua boca