terça-feira, 30 de novembro de 2010

Non, rien de rien...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

La scienza dei cachi

O fruto mais belo e doce do Outono é uma permanente surpresa: por fora é sempre apetecível, mas só aberto e provado o conteúdo é que sabemos se acertamos. Quando isso acontece, relembramos sensações antigas, como quando tudo era uma novidade e se saboreava com receio, sim, mas também com um irreprimível desejo.

domingo, 28 de novembro de 2010

Absolutamente viciante...

... e ideal para recordar uma grande semana numa grande cidade.

Diário romano#3

Praticamente sem fotos nem desenhos, mas com uma grande colecção de memórias ainda frescas na cabeça, o regresso à invicta fez-se já com aquela sensação (quase esquecida) de nostalgia antecipada pelo que se deixa para trás. Balanço final muito positivo para uma experiência que incluiu partilhas efectivas e aprendizagens que deixam no ar a vontade de investir noutros intercâmbios. Os contactos feitos podem ajudar e nestas coisas há que manter o sentido de iniciativa enquanto ele não se deixa vencer pela inércia do quotidiano.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Diário romano #2

Visita guiada pela cidade, com Elizabeta, uma simpática e eficiente guia, que para além deste biscate é uma arqueóloga e professora, pelo que fala com autoridade sobre a cidade. O pequeno tour incluiu uma visita ao Pantheon, onde num momento de magia começou um recital com peças de Pergolesi (uma música etérea num sítio já de si bastante irreal). Na Piazza Navona, provei um dos maravilhosos e únicos tartuffos da fomosa gelataria Tre Scalini e saboreei-o sozinho, sentado num banco em frente à fonte de Bernini com os quatro rios a representar os quatro continentes conhecidos à época da construção, com poucos transeuntes e um par de músicos de rua a criar outra atmosfera especial. Flanêur, entro numa ou noutra livraria, compro outro volume do Italo Calvino, junto-me ao grupo para um jantar regado a vinho e (de novo) rematado por um delicioso limoncelo.

Diário romano

Chegado ontem a Roma para uma formação, começo a olhar para a cidade transalpina com outros olhos. A chuva e o período do ano afastam as hordas de turistas que conheci nas visitas anteriores e é efectivamente possível pensar na cidade como um sítio onde se leva uma vida normal e quotidiana. O grupo de trabalho é pequeno, o que pode trazer algumas desvantagens (para uma experiência de intercâmbio) mas também algumas vantagens (mais tempo dedicado a cada projecto), se devidamente organizado. A ver vamos.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

(Des)Função pública

De vez em quando espreito os concursos públicos no Diário da República e concorro, sem convicção, mas quase por sentido de responsabilidade. Quando finalmente chega a hora de prestar provas, uma inércia indolente toma conta de mim (anti-corpos criados por muito convívio diário com maus exemplares de funcionalismo público?...). Há dias, depois de demorada ponderação, acabei por comparecer numa prova escrita de conhecimentos. O regulamento indicava um conjunto de leis (que obviamente não li) sobre a função pública como base do exame mas tinha a vaga esperança que aparecessem questões abertas sobre, sei lá, coisas pertinentes para o desempenho da função tipo qual o papel das autarquias no desenvolvimento local e que tipo de prioridades podemos definir para as políticas sociais. Mas não, era mesmo só e exclusivamente sobre contratos, regulamentos, direitos e deveres na função pública. Li o formulário e devolvi-o, dando conhecimento da minha desistência, para grande perplexidade das vigilantes, que ficaram um pouco sem saber o que fazer. Talvez não estivesse escrito nos procedimentos...

Foi há uma semana...

... mas o concerto (e aquele abraço ao guitarrista) ainda não me saiu da cabeça. Grande música, grande banda, grande momento.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Lola", de Brillante Mendoza


Eis um filme que dá que pensar, não só pelo que ele é intrinsecamente mas pelo que nos diz do estado actual do cinema. Em primeiro lugar, o privilégio que é, nos dias que correm, dominados pela lógica esmagadora 'pipoca+acção+coca-cola+arroto' do circuito comercial, ver um filme de origem filipina. Essa condição de privilégio e raridade explica, quanto a mim, o segundo ponto: o do exacerbado estatuto adquirido pelo realizador (pelo menos a avaliar por este filme, o único que vi) e todo o hype bem-pensante que o rodeia. Finalmente, há o filme em si, um simpático mas limitado (não apenas, obviamente, no sentido dos recursos) objecto cinematográfico, que tem como mais valias duas bravas protagonistas geriátricas (as 'lolas', do título) com quem sofremos do princípio ao fim, para além da curiosidade antropológica do retrato documental de uma Manila miserável, caótica e aquática. Como fragilidades, para mim, um argumento hesitante (aquela da avó aceitar o dinheiro em troca da absolvição do assassino do neto tem que se lhe diga...) e esta pretensão um bocado irritante de fazer passar um filme pela realidade tal como ela é (que tem, como supra-sumos os irmãos Dardenne, criadores de verdadeiras pérolas do cinema de terror). A ver, apesar de tudo (mas sobretudo porque são os tempos que são).

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Dona F.

Já teve uns olhos de ficar imediatamente hipnotizado, para o que ajudavam as curvas de um corpo bem aconchegado por roupas modernas, que encaminhavam o olhar de baixo para cima, até ficarmos numa espécie de torpor. Acabava de chegar da Venezuela, onde tinha vivido a maior parte da vida e ganhava a vida a embelezar venezuelanas no seu próprio salão. Isto foi há 4 anos. Depois desapareceu das sessões de RVC. Ligou-me agora, discurso atabalhoado e lá combinamos uma entrevista. Apareceu com a mãe, mas não a reconheci logo. Só após um breve instante os olhos a traíram, não como antigamente, mas como reconhecemos um brinquedo preterido e enferrujado. Falou-me das tragédias que engordaram o seu corpo, até ser o triplo do que tinha sido: o divórcio litigioso, a perda dos filhos, a depressão, a espiral de medicação, quatro anos a inchar de infelicidade. E apesar de tudo, a coragem para regressar das trevas trouxe-a a mim de novo. Sem outros motivos aparentes para além da simples e muito humana tenacidade que nos vai segurando ao dia-a-dia. Vê-la já é uma lição de vida, a biografia gravada no corpo, no cabelo e no olhar da candidata dona F.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

You say potato, I say potahto...

Num dia vês comigo a "Madame de..", do Max Ophulls e no dia seguinte vou contigo a um shopping ver as "Piranhas 3D" - penso na pose da Danielle Darrieux a morrer de amor como se morria nos romances do século XIX enquanto me desvio dos peixes assassinos que atravessam o ecrã; vens comigo a uma livraria e eu acompanho-te a ver as novidades nas lojas da moda - os leitores vestem-se mal, quase por definição, penso enquanto me assusto com a semelhança entre pessoas e manequins; vejo contigo o último clip da Lady Gaga, em troca vamos aos Broken Social Scene - no dia seguinte, debatemos quem faz mais barulho e nenhum de nós reconhece que o ruído é um conceito interior. Depois encolhemos os ombros, rimos e damos o enésimo beijo do dia.

Sneakers, serotonina

Os 14km de ontem, na prova paralela à da maratona que decorreu ontem na invicta, souberam a pouco (ainda que com uma inesperada redução de tempo de quatro minutos em relação ao ano anterior). Ver o povo do dorsal laranja (que distinguia os corredores da maratona dos corredores da prova familiar, com dorsal azul), de porte altivo (ou pelo menos assim pareceu ao meu ego) deixou-me com ganas de continuar a correr e no final, aquele que já era um projecto de projecto tornou-se uma (quase) resolução: daqui a um ano, correr a minha primeira maratona. A empreitada, de grande envergadura, exige uma preparação cuidadosa e atempada. Detalhes, angústias, conquistas e reveses seguir-se-ão, sob a etiqueta 'projecto maratona'.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

(...)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Fantasia para tempos de austeridade (para Mr.P)

Só neste planeta alguém se lembraria de fazer um filme destes, outro alguém de fazer uma música como esta e um outro de juntar as duas coisas e publicar no youtube.


Filme: "Les demoiselles de Rochefort", de Jacques Demy
Música: "When I'm with you", dos Best Coast (rendez vous daqui a um mês)