quinta-feira, 14 de abril de 2011

"O Tio Boonme que se recorda das suas vidas passadas", de Apichatpong Weerasethakul

Vi ontem este filme praticamente sozinho numa sala de projecção multiplex (um claro erro de casting, provavelmente cometido inadvertidamente; ainda entraram mais alguns espectadores, porque era a última sessão disponível naquele horário, mas saíram passados uns minutos, imagino que para a sessão de porrada digital da sala ao lado). Talvez o único filme tailandês que jamais assisti em vida, causou grande furor nos circuitos de cinema 'erudito' nos últimos tempos e fiquei curioso. Há um lado de desconstrução narrativa para o qual já ia preparado (embora não seja tão grande como o que imaginei, lendo as críticas). Para o que não ia preparado, e foi o que me surpreendeu, foi para esse lado onírico, sim, mas sobretudo telúrico: tudo - personagens, fantasmas, os sons, a floresta, a caverna, a penumbra, parece pertencer um lado primitivo, ligado a uma natureza que não sei se será de outro tempo ou de outro mundo, mas é diferente da que até agora conheci. Não é a nova galáxia cinematográfica que (imagino por contraste com o chamado formato 'mainstream') alguns quiseram anunciar, mas tem momentos comoventes e vale bem a pena espreitar e viver a experiência.