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domingo, 6 de fevereiro de 2011
Papá não entra

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
A vida como ela é
Ouves o som intermitente que te desperta. À terceira vez, meia hora depois, decides-te a erguer o corpo, como uma mola. Abres a persiana e espreitas o que o dia te vai trazer: trabalho, pessoas que despejam na secretária histórias que trazem às costas, almoços mal digeridos, equipar e desequipar para montar e desmontar a mota, telefonemas e mensagens, fatias de livros lidos na maca, durante a electro-estimulação. Vais adiar encontros e pensar em alguém que não vês há muito tempo, vais adiar o mestrado. Talvez meia hora de voluntariado, talvez meia hora de Internet, beijos, o amor e às vezes um cigarrito, não necessariamente por esta ordem. Aguardas o fim do dia. Quando o dia acaba aguardas o fim da semana. Depois aguardas o fim do mês, as férias, o fim das férias, o Natal e o fim da década. Nunca, mas nunca, aguardas o fim do mundo, porque é nele que vives a ilusão e a desilusão, mas às vezes pensas que é um mundo delicado e não percebes como ele se aguenta suspenso no espaço. E desligas o despertador uma última vez, porque já não sabes em que gaveta arrumaste a coragem.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
2010

"Provérbios flamengos", de Peter Brueghel
Mais um ano, mais uma década, mais uma corrida, mais uma viagem. Os balanços forçados nunca saem tão bem como aqueles momentos raros de epifania em que nos sentimos em equilíbrio, situados numa determinada convergência do espaço e do tempo. De qualquer das formas, assim de repente (e consultando o registo no blog) houve lugar para uma mão cheia de memórias para arquivo futuro:
- algumas viagens (Cuba, Nápoles, Stromboli, Bélgica), incluindo uma estadia com formação em Roma para agitar águas laborais;
- belos concertos (Sonic Youth e Broken Social Scene à cabeça, bem distantes);
- belos álbuns (não necessariamente editados mas muito ouvidos este ano: Broken Social Scene - "Forgiveness rock record", Sonic Youth - "The Eternal", David Byrne - "Here lies love", Florence and the Machine - "Lungs", Francisco Ribeiro - "Desiderata", Beach House - "Teen dream", Morrissey - "Year of the refusal", El Guincho - "Pop negro", The Do - "A mouthfull", Carminho - "Fado", Best Coast - "Crazy for you"
- filmes especiais: "Non,ma fille tu n'ira pas dancer", de Christophe Honoré, "Les herbes folles", de Alain Resnais, "Plan B", de Marco Berger
- livros para recordar: "My lives", de Edmund White, "a máquina de fazer espanhóis", de valter hugo mãe
- piscinas, corridas e a bicicleta na cidade
- a operação da mãe
- as visitas às escolas, para pregar a diversidade
- a gravidez de Miss B, Miss S. e Miss J.
- uma casa na baixa
- contemplar as pinturas de Brueghel, os subterrâneos napolitanos, um incêndio no vulcão, ouvir Pergolesi no Pantheon, um passeio nocturno na isola tiberina
- o amor, o amor, o amor...

Foto de E.I.
No penúltimo dia do ano, criei também um perfil no facebook. Fi-lo para satisfazer a curiosidade do sogro, mas também porque se criou uma inevitabilidade pessoal e profissional (vou ter que gerir os conteúdos no perfil da minha instituição, por isso convém saber onde é que me vou meter). Mas não acreditem muito no que lá virem. É que eu às vezes não sou muito eu.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Fisioterapia
Começaram as visitas diárias à clínica para tentar acelerar a recuperação dos movimentos na face esquerda. É uma hora ao final do dia de trabalho dedicada a esta pequena mas tão comprometedora parte do meu corpo. Na clínica concentram-se aparelhos estranhos, camas, muitas toalhas e objectos coloridos avulsos como bolas e esponjas. Circulam rapazes e raparigas vestidos em roupas de ginástica com o logótipo institucional, muito jovens e bem dispostos, que no mesmo cenário onde se deslocam lentamente alguns utentes, parecem circular à velocidade da luz (visto da minha maca é como se alguém tivesse baralhado os controlos da máquina do tempo). Habituo-me rapidamente ao protocolo diário: 15 minutos com uns adesivos ligados a uma espécie de eléctrodos, outros 15 com uma botija de água quente na face e a restante meia hora com exercícios e massagens com a terapeuta. Levo um livro para a primeira parte e na restante limito-me a olhar para uma rede que suporta umas bolas e através da qual se entrevê o tecto. A sensação é bastante semelhante à dos momentos de relaxamento no final das sessões de ioga e saio descontraído, a pensar que podia fazer isto o resto da vida...
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Xmas #2
Tempos de bonanza depois do stress pré-consoada, que acabou por correr lindamente, e according to the book: aletria, rabanadas e bilharacos de abóbora feitos de manhã; bolo-rei, frutos secos e bebidas; bacalhau com grelos e cabrito para o almoço; prendas, árvore de Natal e até um providencial presépio oferecido pelos sogros directamente da Guatemala. Parece corriqueiro, mas foram tudo estreias aqui para o je, e uma oportunidade para deixar alguns preconceitos à porta e abrir uma frincha para o Pai Natal entrar...
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Boas notícias é...
- Receber uma carta da câmara, a dar alguma esperança quanto à propriedade de uns certos metros quadrados (quem estiver por dentro saberá do que falo)
- Receber outra carta, do banco, a avisar que foi finalmente liquidado o empréstimo pessoal para pagar o automóvel
- Olhar para o espelho e franzir, ainda que muito levemente, o sobrolho do lado esquerdo...
Tudo no mesmo dia, parece mentira. Nesta consoada a Cassandra que arranje outro poiso.
- Receber outra carta, do banco, a avisar que foi finalmente liquidado o empréstimo pessoal para pagar o automóvel
- Olhar para o espelho e franzir, ainda que muito levemente, o sobrolho do lado esquerdo...
Tudo no mesmo dia, parece mentira. Nesta consoada a Cassandra que arranje outro poiso.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Bilharacos
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Paralisia facial periféria
Há dois dias com a face esquerda anestesiada, tenho dificuldade em olhar-me ao espelho. Trata-se de uma espécie de paralisia que afecta o nervo facial, geralmente precedida de alguns sintomas (no meu caso, uma dor no ouvido, embora tenham detectado algumas coisas estranhas no meu espaçoso nariz e ordenado uma coisa que estou a tentar evitar há demasiado tempo: uma correcção do septo, essa protuberância que tanta personalidade me empresta). Seria apenas divertido, se não fosse também limitador. Tenho que me preparar para algumas semanas de adaptação a falar diferente e comer devagar (sempre com um guardanapo por perto). Mas, sobretudo, tenho que perceber (talvez pela primeira vez com esta acuidade) que quem somos passa muito pelo que fazemos com a nossa cara, e que se ela se torna inexpressiva, somos como que uma parede inerte, que não responde ao seu ambiente. Só o tempo e o espelho (com a ajuda de exercícios e sessões de fisioterapia) poderão dizer quanto tempo demorarei a recuperar a minha cara-metade.
domingo, 5 de dezembro de 2010
Baby swimming
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Por um fio
Há dois dias, fiquei pela primeira vez bem perto de ter um acidente de automóvel grave ou mesmo fatal. Uma curva fechada em plena auto-estrada (mal sinalizada ou distracção minha não cheguei a perceber), numa manhã gélida e com piso escorregadio, fizeram-me perder por um momento o controle do carro, que literalmente derrapou e ziguezagueou durante pelo menos dez segundos. Não vi os 35 anos da minha vida concentrados num segundo (teria sido interessante perceber que memórias teriam surgido nesse flash) e aparentemente o corpo só reagiu ao susto uns minutos depois quando, segundo a minha passageira, empalideci. Talvez tenha sido a minha mente a projectar cenários que se aproximaram rapidamente naquele instante, como imagens seleccionadas com um dedo num ecrã digital.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
La scienza dei cachi
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
(Des)Função pública
De vez em quando espreito os concursos públicos no Diário da República e concorro, sem convicção, mas quase por sentido de responsabilidade. Quando finalmente chega a hora de prestar provas, uma inércia indolente toma conta de mim (anti-corpos criados por muito convívio diário com maus exemplares de funcionalismo público?...). Há dias, depois de demorada ponderação, acabei por comparecer numa prova escrita de conhecimentos. O regulamento indicava um conjunto de leis (que obviamente não li) sobre a função pública como base do exame mas tinha a vaga esperança que aparecessem questões abertas sobre, sei lá, coisas pertinentes para o desempenho da função tipo qual o papel das autarquias no desenvolvimento local e que tipo de prioridades podemos definir para as políticas sociais. Mas não, era mesmo só e exclusivamente sobre contratos, regulamentos, direitos e deveres na função pública. Li o formulário e devolvi-o, dando conhecimento da minha desistência, para grande perplexidade das vigilantes, que ficaram um pouco sem saber o que fazer. Talvez não estivesse escrito nos procedimentos...
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
You say potato, I say potahto...


domingo, 31 de outubro de 2010
domingo, 24 de outubro de 2010
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Vocação de ave rara
Por ouvir Satie no trabalho; por andar de bicicleta nuns dias e de Vespa amolgada noutros; por correr e gostar de correr; por ser canhoto; por não ver televisão; por ver filmes europeus; por comentar os rabos errados; por estar sempre a leste; por não conhecer os sítios in; por gostar dos sítios out; por querer estar sempre a leste; pelo Natal que me dá a volta à tripa; por ler; por nunca me rir do que devia e as anedotas me deprimirem; por ficar feliz com o que só lembra ao diabo; por saber o que ninguém mais sabe e por nunca saber o que todos sabem...
domingo, 3 de outubro de 2010
Weekend with the girls

Alguns resultados do workshop intensivo que decorreu durante um fim de semana inteirinho cá em casa entre tios e sobrinhas! Love you, girls!
domingo, 26 de setembro de 2010
Weekend Lx
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
French fries
Num engarrafamento de Agosto, da neura domingueira nasceu em conversa com amigos esta ideia: não devíamos ter direito a ser ressarcidos por este desperdício de tempo? Algo como uma compensação depois do tempo regulamentar num jogo de futebol, todas as horas perdidas em filas de trânsito, somadas e devolvidas à nossa vida. "Ora portanto, o senhor Francisco devia ter falecido agora, mas como temos aqui um crédito de 2 anos e meio, vai ficar pela terra mais uns tempitos". Ideia pertinente mas perniciosa: a quem compete definir o que é o tempo desperdiçado quando a nossa própria vontade é tão volátil? Nunca vos aconteceu dourar o passado (mesmo as coisas que na altura não causaram qualquer frisson) ou maldizer uma experiência inofensiva cujo lado negro acabou por emergir anos depois? Não é um bocado aquela conversa do: "e se eu tivesse feito isto", "e se eu não me metesse naquilo", numa auto-ilusão de que qualquer caminho alternativo seria sempre mais bem sucedido, mais aproveitado, rumo à felicidade e à realização pessoal? A verdade é que esses caminhos são, como li algures, ramos secos que não voltam a medrar. E, como numa canção recente dos Arcade Fire, se pudéssemos reaver o tempo morto, íamos matá-lo de novo. Mas já repararam que as batatas fritas são sempre mais apetecíveis no prato do lado?
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