quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

2010


A gerência deseja do coração a todos os visitantes um excelente novo ano, cheio de surpresas boas, imaginação e alguns passos mais próximos de todas as metas!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Correr à chuva


É preciso ser bastante louco, pensava eu para os meus cordões, enquanto corria no piso irregular da baixa do Porto numa noite chuvosa. Mas a companhia da mana e de mais cinco mil loucos deixou-me estranhamente bem disposto. Dez quilómetros em 52 minutos e 40 segundos foram, nestas condições, uma boa vitória moral, para acabar de vez com 2009.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Mensagem de Natal

- HETEROSEXUALITY IS THE OPIATE OF THE MASSES!
- THERE WILL BE NO SEXUAL REVOLUTION WITHOUT HOMOSEXUAL REVOLUTION!
- JOIN THE HOMOSEXUAL INTIFADA!


in 'Raspberry Reich', de Bruce La Bruce

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Um fraquinho por v.h.m.



Há dias assim: terminas um livro e repousas a nuca saciado de frases. Aqui tratava-se de "O nosso reino". O terceiro dos romances (lidos pela ordem inversa da publicação) confirma-me o assombro perante tanto talento. Depois descubri-o, sem carnalidades mas em carne e osso e voz, assim despretensioso e doce. As prendas de Natal trazem quase todas a sua marca, que para mais é multifacetada: há letras de prosa e poesia, há desenhos e há a voz nesta música. Um brinde à longa vida criativa de valter hugo mãe!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Nuits de la pleine lune, de Eric Rohmer


Há quem se irrite solenemente com os filmes do Eric Rohmer. Ou porque os personagens são snobs, ou porque não se calam, ou porque pura e simplesmente não vêm interesse em nada daquilo. Para mim, Rohmer é um dos génios do cinema. Não pelo arrojo formal (até há algo de tremendamente contido, como se se quisesse despojar cinematograficamente o objecto, reduzindo-o à sua essência). O que me atraí é a leveza com que organiza os seus pequenos contos, dotando as personagens de um saber ser que para mim é todo um compêndio de filosofia, a que regresso sempre que posso. E regressei neste sábado, à acolhedora sala do Teatro do Campo Alegre, para ver "Noites de Lua Cheia" (de 1984). Foi no mesmo dia em que fiquei a saber duas boas notícias para o Porto: o afastamento do Red Bull Air Race para a capital (em boa hora!) e a reabertura do Cinema Nun'Álvares, que regressa assim à condição de única sala de cinema da cidade (não considerando, por razões cuja enumeração considero disponsável, os antros de degustação de pipocas dos centros comerciais).

Ler em comunidade

Organizando-me a custo, finalmente consegui comparecer a uma (a última) sessão da comunidade de leitores aqui ao lado, na BMAG. O livro a conversar era o do Manuel Jorge Marmelo ("As Sereias do Mindelo"), que valter hugo mãe, o escritor (e leitor) convidou para estar presente e comentar a diversidade de leituras a partir do seu texto. Imagino que, como autor, deve ser desconcertante perceber isso. Em primeiro lugar, esclareceu-se: o texto não é autobiográfico. Pelo menos não no sentido literal. Resulta de um conjunto de pequenos contos que, por sugestão do editor, se transformaram num pequeno romance. E é ficção, no sentido em que aquelas mulheres não existem senão na projecção do autor (embora para sua grande surpresa algumas personagens se tenham materializado numa visita posterior a Cabo Verde). Pensei que podíamos estar perante uma dupla falácia: a de que, enquanto jornalista (a verdadeira profissão de Jorge Marmelo), o relato é a transcrição da realidade, e a de que enquanto ficcionista, não se descrevem senão invenções. Ocorreu-me uma analogia com o périplo pelas ilhas de Nanni Moretti, num dos episódios de 'Caro Diário': também aí o protagonista procurava ideias para uma história, sem se aperceber que a procura já tinha ganho uma identidade própria enquanto tal; e também aí o autor se apresentava numa encenação autobiográfica. Não era também uma viagem de auto-conhecimento o percurso pelas ilhas feito por Ulisses? As ilhas enquanto universos circunscritos e 'puros', onde experimentamos um impacto não contaminado, como num estudo de laboratório, de onde se arredam todas as outras variáveis? Os lugares (incluindo os literários) são sempre a intersecção entre uma realidade e o olhar adoptado. No acto criativo, o autor dissimula-se mas também se expõe num jogo de papeis cuja chave pode residir numa opinião polifónica como a que se fez ouvir naquele pequeno auditório. E eu, roído, calei os meus bitaites e desejei que aquela conversa não terminasse.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Flower power

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

VITÓRIA, VITÓRIA...

... agora começa uma outra história!

Emoções WC

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Não-lugares, de Marc Augé


Multiplamente citado, o conceito de não-lugar nasce num pequeno ensaio crítico acerca das transformações no olhar antropológico. Basicamente, procura definir a mutação resultante das transformações nos conceitos de espaço e tempo, por sua vez decorrentes da aceleração da 'sobremodernidade' (de que são exemplos a possibilidade de comunicar com todo o planeta em simultâneo, ou a multiplicação das mobilidades). Nessa mudança, aquilo que explica o que somos é cada vez mais esse estado de transição (definido exemplarmente pelo tempo que ocupamos em espaços como aeroportos, autocarros, auto-estradas, hoteis, em viagem, etc), por oposição a uma visão de permanência e de identidade confinada (que procurava, nesse olhar antropológico do 'outro' uma essência imutável e ritualmente reproduzida). Desta forma, Augé contraria a perspectiva mais conservadora que olha para estas mudanças como uma alienação e motor de desagregação social, conferindo-lhes antes uma esperançosa capacidade de reconstrução identitária.

Used to be, Beach House


Isto era para ser um post musical sobre o concerto da Maria João com a Orquestra de Jazz de Matosinhos na Casa da Música. Acontece que (como dizem cá no burgo): há uma, o imeem, através do qual publicava músicas, passou para o MySpace; há duas, pelo youtube também não se encontra nada de jeito da cantora; há três, cruzei-me com esta música maravilhosa desta banda que consegue lançar um raio de luz no bréu denso de um dia chuvoso.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Infidelidades, de Woody Allen


Traduzido com muita eficácia e oferecido pelos meus queridos Esteva e JMS (que saudades do vosso cantinho!), o livro inclui três pequenas peças, com o estilo reconhecível do autor. Foi o antídoto perfeito para o ambiente sisudo e apático criado por dias chuvosos na granítica invicta, com direito a risadas sentidas, numa cadência inusitada. Praticamente despojado de indicações cénicas, é um texto para teatro de leitura bastante fluída. Uma boa prenda, se quiserem contrariar o clima oco e pesado da época.

Ossessione, de Luchino Visconti


O filme do mestre que, 66 anos após a sua estreia, todos podemos ver ou rever com um deslumbre imperturbável.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Encontro com a AMPLOS


A AMPLOS - Associação de Pais e Mães pela Liberdade de Orientação - é um grupo de pais que pretende mobilizar as famílias de pessoas gays e lésbicas, partilhando experiências, fornecendo informação e dessa forma combatendo a discriminação e homofobia. É uma iniciativa que considero extraordinária como gesto de cidadania e que poderá ter um papel importantíssimo nestes tempos que se aproximam, em que o debate parlamentar sobre a igualdade no casamento se irá alargar a toda sociedade numa escala ainda imprevisível. A associação dá-se a conhecer hoje às 16 horas no Porto, no espaço A Cadeira de Van Gogh e eu estarei por lá, como representante da associação ILGA-Portugal. Ficam aqui os contactos, para os eventuais interessados (isso inclui pais e outros familiares que precisem se informar, desabafar ou simplesmente partilhar):
AMPLOS: 918820063
amplos.bo@gmail.com
http://amplosbo.wordpress.com/about/

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Júlia


Passaram já quase nove meses desde que nasceste, o mesmo tempo que precisaste para te formares na barriga da tua mãe. No primeiro dia, fiz-te este desenho, que entretanto perdi com um bloco desaparecido. Penso em ti com uma assiduidade maior do que os nossos encontros, mas isso é uma conversa que teremos um dia como dois bons amigos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Fim de semana cultural

Depois de um desastroso tiro ao lado, de que escapamos ao fim de duas "músicas" (a apresentação do projecto Hercules and The Love Affair no Clubbing da Casa da Música: sem Antony, sem bateria, sem guitarra, sem sopros e sem interesse), seguiram-se outros dois serões culturais. No primeiro, espreitámos "Breve Resumo da História de Deus", um texto pouco conhecido de Gil Vicente levado à cena pela companhia do TNSJ, no fim do qual concluo o que sempre concluo no São João: "foi a última vez!"; ou seja, óptimos cenários e figurinos, mas exploração rígida e enfadonha de um texto, devo admitir, nada fácil: afinal, há quantos séculos não falamos aquela língua? No Domingo, o tiro acerta no alvo (o que, considerando a raridade do facto nas visitas ao teatro, me encheu de júbilo): "Jardim Zoológico de Cristal", a primeira peça de sucesso de Tennessee Williams, na versão inspiradíssima do projecto Ao Cabo Teatro, com a amiga Micaela e a mais brilhante actriz (e actor) que eu já conheci nos palcos portugueses: Maria do Céu Ribeiro.

Vão ver, que não se arrependem (mais info aqui).
Depois das peças, chá e conversas. Isto sim, concluímos, são os serões ideais para este casal de trintões tripeiros.

As Sereias do Mindelo, de Manuel Jorge Marmelo


Mais um (novo) escritor do Porto, e a assinatura da cidade parece reconhecível no texto, ainda que o itinerário (físico mas sobretudo mental) vagueie por Cabo Verde, Angola, São Miguel e Galiza. Não é bem um romance, antes um meta-romance ou um texto sobre a escrita. Como se, enquanto recolhesse pistas para mais tarde trabalhar, como um etnólogo que regista observações (neste caso eróticas e sentimentais) para posterior interpretação, acabasse por perceber que o caderno de viagem tinha ganho uma identidade própria. Não é brilhante, mas enquanto 'coisa' literária pouco classificável e despretensiosa vale a pena espreitar.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Dança da Fada do Açúcar


Se para alguma coisa serve a época, poderá ser para recordar os clássicos. E melhor ainda se for com as sobrinhas. O 'Quebra-Nozes', de Tchaikovski, foi ontem, no Coliseu, pela companhia Ballet Clássico de Moscovo. Aqui, um excerto na versão de 1958 de Ekaterina Maximova.