sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Gostavas de ter lido?


A ILGA editou e propõe: dois livros para a infância, onde a ideia do amor e da diversidade reina e se propõem novas perspectivas sobre gostar de alguém e fazer uma família. "De onde venho", de Javier Termenón Delgado e "Por quem me apaixonarei", de Wieland Pena e Roberto Majan estão à venda nas livrarias e também podem fazer parte de uma biblioteca à tua escolha (porque não aquela onde tu mesmo/a aprendeste a gostar de livros?). Para isso basta fazer uma transferência de 20 euros (que inclui os portes de envio) para o NIB: 00350 0697 0057 9258 630 15 e o comprovativo de transferência para o mail ilga-portugal@ilga.org, juntamente com uma mensagem indicando a biblioteca para onde gostarias que os livros fossem enviados. Nunca se sabe, podem estar a tornar a vida muito menos complicada a alguns catraios lá do burgo :)

Alma + animal = animação


Tenho a cabeça cansada e demasiado relaxada com a perspectiva de um fim de semana prolongado para pensar num post coerente. É o resultado de dias com estranho aroma a felicidade, entre pesadas agendas profissionais, desafios pessoais entre tubos de tinta e telas (amostras neste blog em breve) e regressos calorosos a braços reconfortantes. Numa visita obrigatória ao Cinanima, esse magnífico caleidoscópio anual da animação mundial, revejo este pequeno e desconcertante filme de um animador/graffiter e pasmo.

domingo, 23 de novembro de 2008

Porto domingueiro

sábado, 22 de novembro de 2008

Saturday's gone

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Daisy Miller, de Henry James


Lido numa edição da icónica colecção da Penguin Popular Classics, a famosa novela de Henry James é tudo o que se pode esperar do escritor americano enfeitiçado pelo charme e decadência europeus de finais do século XIX. Uma jovem da nova aristocracia americana desperta para o mundo em viagem pela velha Europa, observada e criticada pelos zeladores das convenções sociais. A sua viagem é também o caminho de encontro àquela personagem muda (como diz Calvino) mas fundamental como chave de leitura da intriga: a malária, que organiza a tragédia final e simboliza essa ideia de um universo sedutor mas perigoso ou mesmo letal. Mas é sobretudo pela subtileza da linguagem, onde não se desperdiçam vocábulos, que o texto conquista. Se a memória não me falha, foi Peter Bogdanovich, um dos realizadores da fornada rebelde que lançou os Coppolas e Scorseses, que tentou nos anos 70 uma (aparentemente mal sucedida) adaptação ao cinema da história, tendo como protagonista a sua companheira de então uma Cybill Shepherd acabadinha se sair do belíssimo "The last picture show" (também de Bogdanovich), e que se tornou, claro está, o rosto e corpo inevitável que acompanhou a minha leitura.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A voz, as vozes

Acordei sem voz. A previsão de dias introspectivos de visita pelas bandas da quinta do Sardão materializa-se, portanto, na ausência de discurso. Não calha mal a ironia. Ocasião para leituras, pinturas (sim, o regresso do gato vadio!) e uma reconciliação com a margem sul do Douro. Sem voz, cheiro nem paladar, resta-me mimar os outros sentidos, e pelo meio por audições em dia (em modo schuffle: Six Organs of Admittance, Grace Jones, o último Portishead, sonatas de Tartini, Gang Gang Dance ou Los Campesinos) e um rendez vouz com os etéreos Beach House no Passos Manuel. É hora: devolver a trouxa à mala (parece-me que pertencem mais lá do que aos armários) e abalar. This is Major Tom to Planeta Ju.

domingo, 9 de novembro de 2008

Sugar baby, love


Duas das imagens da nova campanha promovida pela ILGA-Portugal de combate à SIDA.
Em baixo, um interessante vídeo que, por várias razões, muitos não terão visto.

Socorrismo

Situações de Socorro Essencial:
A.C.H.E.: Alterações cárdio-respiratórias; Choque; Hemorragia ou Envenenamento.
Exame primário:
A.V.D.S.: (grau de) Alerta, Voz, Dor ou Sem resposta
V.O.S.: Ver, Ouvir e Sentir (a respiração)
Exame secundário:
C.H.A.M.U.: Circunstâncias, Historial, Alergias, Medicamentos e Última refeição.
Foram algumas das siglas abordadas numa formação que decorreu em seis intensos dias na Cruz Vermelha Portuguesa. Maior sensibilidade para os perigos, saber como agir nalgumas situações correntes, desmontar mitos, e a percepção evidente da importância de uma formação básica nesta área nas escolas e no local de trabalho.
Também aprendemos algumas coberturas, no caso de depararmos com ferimentos ou hemorragias. Por exemplo, a cobertura do pé:

As ilustrações das manobras no manual fizeram-me lembrar aquelas fantásticas sequências da Helena Almeida.

sábado, 8 de novembro de 2008

Fome


O romance de um escritor controverso e que inspirou descendentes ilustres (no sentido estimulante do adjectivo) como Kafka ou Henry Miller - o norueguês Knut Hamsun. Aparentemente a novidade, para a época (1890), era o tom auto-contemplativo ou a deambulação do personagem sem uma linha narrativa definida, mas o que mais me atraiu no texto foi a possibilidade de rever mentalmente imagens de Oslo (à época, Kristiania) e de me cruzar com outras referências escandinavas. Quanto a isso, o romance não nos serve de grande coisa. O texto é de dimensão universal, e lida com questões maiores da condição humana. Mas estão lá a avenida Karl Johann, o palácio real ou os jardins-cemitério. Dia após dia, O protagonista, jovem escritor, divaga por lá, numa miséria definhada página após página, que parece não ter limites e desliza num esforço elíptico: escrever para poder comer, arranjar comida para poder escrever. De forma orgulhosa e pedante, vai rechaçando pelo caminho as hipóteses de saída, enquanto tudo aponta para um destino trágico que é contrariado por um final que não é senão uma saída de cena, em aberto. Para Paul Auster, que escreve o prefácio, esta é também uma entrada despojada no século XX.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Oba, Obama?


É cruzar os dedos.

domingo, 2 de novembro de 2008

Do baú


"Amavo ogni cosa nel mondo. E non avevo
che il mio bianco taccuino sotto il sole."
Sandro Pena

sábado, 1 de novembro de 2008

"Madrinha"


Entravamos no portão a medo, eu e a mana, de mão dada com os adultos. Lá dentro cheirava a camélias, havia um bonito jardim com bancos de pedra decorados com azulejos. Da escadaria central do casarão entravam e saiam pessoas, com ritmos desiguais. Algumas vestiam apenas robes azuis ou rosas, e caminhavam lentamente, sozinhos ou na companhia de alguém bem apresentado. Sabíamos que estavas aí, mas era sempre um susto quando aparecias, apática e inchada, com a pele vermelha e cabelo desalinhado. Não sabíamos lidar com aquilo e tínhamos mais medo que dó quando ouvíamos dizer que te ligavam à electricidade. Ao fim de algumas semanas regressavas e deambulavas taciturna pelo corredor ao lado dos nossos quartos. Sabíamos que a sopa escondia a medicação que recusavas. Eramos cúmplices e não nos livramos da culpa.

A esquizofrenia é uma doença cerebral crónica, grave e debilitante. Aproximadamente 1% da população desenvolve esta doença. Calcula-se que apenas 1 em cada 5 doentes recupera completamente. Os doentes esquizofrénicos, mesmo com sintomas, podem trabalhar. As prisões são usadas frequentemente para armazenar o doente mental e tirá-lo das ruas. (daqui)

Roisín, after all


Afinal ainda conseguimos comparecer ao rendez vous. E que show a irlandesa monta, sobretudo quando se solta em explorações mais distantes do conceito de estúdio. Excelente voz, óptima música e um eficaz aparato cénico (em boa medida suportado pelos delirantes figurinos). A processar e fazer rewind várias vezes no sistema da memória. No final, à boa maneira do Porto, todos em uníssono clamavam: Róisinha! Róisinha!