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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Qualifica 2011

No fim de semana por aqui. Quem quiser visitar é só imprimir esta imagem horrorosa e levar.

domingo, 28 de novembro de 2010

Diário romano#3

Praticamente sem fotos nem desenhos, mas com uma grande colecção de memórias ainda frescas na cabeça, o regresso à invicta fez-se já com aquela sensação (quase esquecida) de nostalgia antecipada pelo que se deixa para trás. Balanço final muito positivo para uma experiência que incluiu partilhas efectivas e aprendizagens que deixam no ar a vontade de investir noutros intercâmbios. Os contactos feitos podem ajudar e nestas coisas há que manter o sentido de iniciativa enquanto ele não se deixa vencer pela inércia do quotidiano.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Diário romano

Chegado ontem a Roma para uma formação, começo a olhar para a cidade transalpina com outros olhos. A chuva e o período do ano afastam as hordas de turistas que conheci nas visitas anteriores e é efectivamente possível pensar na cidade como um sítio onde se leva uma vida normal e quotidiana. O grupo de trabalho é pequeno, o que pode trazer algumas desvantagens (para uma experiência de intercâmbio) mas também algumas vantagens (mais tempo dedicado a cada projecto), se devidamente organizado. A ver vamos.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

(Des)Função pública

De vez em quando espreito os concursos públicos no Diário da República e concorro, sem convicção, mas quase por sentido de responsabilidade. Quando finalmente chega a hora de prestar provas, uma inércia indolente toma conta de mim (anti-corpos criados por muito convívio diário com maus exemplares de funcionalismo público?...). Há dias, depois de demorada ponderação, acabei por comparecer numa prova escrita de conhecimentos. O regulamento indicava um conjunto de leis (que obviamente não li) sobre a função pública como base do exame mas tinha a vaga esperança que aparecessem questões abertas sobre, sei lá, coisas pertinentes para o desempenho da função tipo qual o papel das autarquias no desenvolvimento local e que tipo de prioridades podemos definir para as políticas sociais. Mas não, era mesmo só e exclusivamente sobre contratos, regulamentos, direitos e deveres na função pública. Li o formulário e devolvi-o, dando conhecimento da minha desistência, para grande perplexidade das vigilantes, que ficaram um pouco sem saber o que fazer. Talvez não estivesse escrito nos procedimentos...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Dona F.

Já teve uns olhos de ficar imediatamente hipnotizado, para o que ajudavam as curvas de um corpo bem aconchegado por roupas modernas, que encaminhavam o olhar de baixo para cima, até ficarmos numa espécie de torpor. Acabava de chegar da Venezuela, onde tinha vivido a maior parte da vida e ganhava a vida a embelezar venezuelanas no seu próprio salão. Isto foi há 4 anos. Depois desapareceu das sessões de RVC. Ligou-me agora, discurso atabalhoado e lá combinamos uma entrevista. Apareceu com a mãe, mas não a reconheci logo. Só após um breve instante os olhos a traíram, não como antigamente, mas como reconhecemos um brinquedo preterido e enferrujado. Falou-me das tragédias que engordaram o seu corpo, até ser o triplo do que tinha sido: o divórcio litigioso, a perda dos filhos, a depressão, a espiral de medicação, quatro anos a inchar de infelicidade. E apesar de tudo, a coragem para regressar das trevas trouxe-a a mim de novo. Sem outros motivos aparentes para além da simples e muito humana tenacidade que nos vai segurando ao dia-a-dia. Vê-la já é uma lição de vida, a biografia gravada no corpo, no cabelo e no olhar da candidata dona F.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Karaoke wisdom by Dolly Parton

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Senhora ministra


Vi-a ao vivo há dias a louvar a iniciativa, a tal que fala das oportunidades para todos. A seguir a si falou o primeiro, no tom oco dos primeiros. Gostava de lhe apresentar um senhor. O sr. x é um funcionário da nossa autarquia. Se desempenha o cargo com brio desconhecemos. Só conhecemos o seu percurso na iniciativa: há uns anos (poucos) atrás, pediu transferência para o nosso centro. Trazia no currículo a 4ª classe e uma validação parcial do 6ºano através do famoso processo de reconhecimento e validação de competências. Louvamos-lhe o esforço, disponibilizamos-lhe alguma formação e a custo e com muita boa vontade lá lhe completamos o 2º ciclo, apesar da tenacidade da figura, que invocou santos e altas patentes políticas para que lhe concedêssemos o 9º (recordo que chegamos a ter a honra da visita da mãe do senhor presidente a interceder a seu favor). Como nestas coisas gostamos de ser colaboradores e transparentes, dissemos-lhe que nada feito, e que passasse bem. Por portas travessas, descobrimos recentemente que a esposa do senhor era nossa cliente, quando no seu portefólio, entre fotos de baptizados e comunhões, nos apareceu aquela cara familiar. Prontificou-se a esclarecer que ele já tinha nesta altura completado o 12º ano sob os auspícios de tão inovadora modalidade que o ministério da educação em boa hora decidiu assumir como sua. Consultando o seu cadastro, concluímos que tinha passado por nada menos do que 4 (quatro!) processos de RVC. Pondo de parte a capacidade empreendedora do senhor x, reconhecemos admirados a infinita flexibilidade de um sistema que assim sim, pudemos considerar rápido, eficaz e indolor. Mas, senhora ministra, apesar da eloquência da sua intervenção, não a ouvi dizer que entre os valores que este governo mais preza estavam a sacanice e a mentira. É que só assim poderíamos vislumbrar uma coerência entre os fins e os meios e erguer as mãos para um aplauso merecido.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Meter-se em trabalhos

Dizem que verbalizar ajuda a organizar, a identificar problemas e a encontrar estratégias para os ultrapassar. Ultimamente, infelizmente, só consigo verbalizar queixumes, e parece-me que assim só consigo escurecer o que me rodeia (e sobretudo os que me rodeiam) com o negrume que se abateu em mim nos últimos tempos. Motivos? Há-os sempre, se quisermos; acredito que o que varia é a nossa resistência à adversidade e especialmente o olhar que lançamos sobre o mundo. Sou capaz, contudo, de descortinar um foco 'infeccioso' desta espécie de angústia melancólica: o meu trabalho. Dou voltas e voltas mas por muita imaginação e alternativas que procure, não consigo apagar esta descrença estrutural num programa que perdeu há vários anos o potencial inicial. Participo em iniciativas, falo com candidatos, debato (cada vez menos) com os colegas, mas tudo parece contribuir para aumentar a reverberação de uma palavra que ecoa com cada vez mais força na minha cabeça: hipocrisia. Na era das novas oportunidades, tudo está bem desde que não se levantem ondas (quem já tentou negociar uma certificação parcial sabe do que estou a falar). Desse implícito colectivo rumaremos felizes, ignorantes de ego insuflado, para a Europa civilizada. A cumplicidade paga as contas, a cumplicidade certifica, a cumplicidade emprega, a cumplicidade compensa. Traz os mundos e fundos que promete como garantia de felicidade imediata. Mas também corrói, mina o terreno da criatividade, da perseverança, do empreendedorismo, premeia a vigarice e a espertalhice saloia em detrimento desses 'entediantes' princípios que são a honestidade e a justiça social. Procura-se, portanto, um novo olhar ou um novo emprego.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Partícula divina

No trabalho, como na vida, encontramos todo o tipo de pessoas. Quando as coisas correm bem, desprezamos as arrogantes e mal-educadas. Quando correm mal, é só para elas que olhamos. E esquecemos a forma generosa como alguns nos abrem as portas às suas histórias, sem agendas ocultas. Esquecemos como podemos ser raros e brilhantes. Como este senhor de 1 metro e 40, mãos empedernidas e olhar atento, que há dias, ao concluir a sua formação, disse sentir-se, num enlevo de candura, naquele momento e entre nós, como uma pequena partícula divina.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Momentos novas oportunidades

Parei de teclar furiosamente quando me interpelou, com olhos de um azul vítreo e semblante à Almada Negreiros:
- Se teclasse assim já tinha acabado isto há séculos.
- É uma questão de hábito, sabe que é a minha ferramenta de trabalho. O que é que você faz?, perguntei.
- Trabalho na lota. Prefiro o trabalho mil vezes a isto. Nunca estive no mar, mas perdi um avô, num naufrágio que levou para mais de 100 homens. Há uma estátua em Matosinhos sobre isso.
- É um trabalho pesado. Que horário faz?
- Das 4 às 9. Ainda me dava tempo para fazer um curso de dia, como eu queria.

No mesmo dia, um senhor dirigiu-se ao centro para informar que a esposa tinha falecido. Queria recolher o trabalho que ela tinha feito,uma história de vida que, sabia-o, o deveria incluir. Não soube o que registar naquele processo. Uma desistência implicava uma vontade explícita. Uma suspensão significa uma hipótese de regresso. Uma vida assim, pensei, ficaria no limbo das oportunidades.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Novas Oportunidades, velhos desesperos

Acabo por não participar nas manifs do primeiro de Maio. A inércia e cansaço de outra semana de trabalho em que o pouco que fazia sentido se esvanece faz-me procurar alternativas. Agarro-me a qualquer coisa que me ajude a não pensar em Novas Oportunidades: fazer um almoço, olhar para o céu, arrumar roupa, convidar amigos para ver um filme. Tudo, mas mesmo tudo me parece melhor do que me sentir cúmplice desta hipocrisia galopante a que tem aderido o povo, injectado de uma renovada auto-estima que enche os centros de formação, as salas de espera, as nossas cabeças, o nosso sono. Tudo é para ontem, tudo é pedir demais, tudo é complicado, tudo é despropósito quando o propósito é chegar ao olimpo dos qualificados. E hoje, no dia em que desapareceu o mítico Vasco Granja, enquanto me inscrevia numa oficina de banda desenhada, invejava a aparência de vida despreocupada da senhora que me oferecia a ficha de inscrição. E, para além do Sol e de um abraço quente, agarro-me a essa ilusão para me ajudar a ultrapassar estes dias tâo cheios de mentira. Se alguém chamar por mim, estou por ali a ver anúncios de emprego.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Formação para técnicos: conclusões



sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Colegas (pausa para café)

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O homem do ultra-fundo

O homem sentou-se, meio afogueado e com ar apressado. Afastou os cabelos em caracol lançando-os para trás da testa e fez perguntas telegráficas sobre o que fazia ali, não parecendo muito interessado nas respostas. Que sim, tinha interesses fora do local de trabalho (estava a entrevistá-lo no grande salão de reuniões dos chefes, e nem isso o inibia), a verdadeira vocação dele era ocupar-se de lesões de futebolistas. O que lhe interessava mesmo era um cursito de inglês, para poder entabular um diálogo com alguns dos atletas ou para quando receber na cave onde passa oito horas bem contadinhas por dia um novo chefe para o ouvir falar dos cuidados que presta a milhares de garrafas de vinho em estágio. No passado? Fui atleta de fundo e ultra-fundo. Nunca ouviu falar? Corria os 100 quilómetros. Olhei-o incrédulo. Assegurou-me um 68º lugar numa competição em França e um 8º em Espanha em tempos idos, que até o encontrava se pesquisasse assim e assim na Internet. Assegurou-me que os meus 10 km, duas vezes por semana, já não eram nada maus. E sai dali com aquela distância na cabeça. Imaginei a solidão de um homem na batalha contra as suas dores e pensamentos, tentando esconder dos outros que vive numa realidade paralela, preenchida pelo sonho permanente de uma meta que está sempre na curva seguinte.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O lugar do crime


De segunda a sexta, dois terços de uma vida a atravessar a mesma porta. E de cada vez a mesma pergunta: "Então e para mim, não há mais oportunidades?"

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Ser adulto é...

Júri de certificação. Um jovem sentado à minha frente, o olhar inseguro dentro de uma cara pálida e acne de fim de adolescência. Pergunto-lhe como tem corrido esta coisa de ser bombeiro desde os 14 anos e peço-lhe que me fale de alguma experiência mais desafiante deste seu breve mas nobre currículo. A primeira vez que saiu, diz-me, aos 15 anos porque a lei não permitia sair antes, foi por causa de um suicídio na linha de comboio. Fora incumbido de recolher a cabeça do sinistrado, o que resultou numa visão inolvidável. Uma outra vez fora chamado para socorrer uma criança com uma perna partida. A criança afinal era um bebé de seis meses, ao lado do qual esperou uma hora e meia pela assistência que não sabia prestar. Uma hora e meia a olhar impotente para um bebé a morrer. O impulso dos 15 anos foi mais forte e acabou por correr para o hospital, contrariando as regras da etiqueta hierárquica, que também existem nestas instâncias infernais. Não quis ouvir o desfecho. Pedi-lhe para falar do futuro. O olhar saltitante perdera o ritmo e concentrava-se já num ponto qualquer no ar à nossa frente. Ia jurar que se tinha esquecido que ia sair dali com o nono ano na carteira.