quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

2010


A gerência deseja do coração a todos os visitantes um excelente novo ano, cheio de surpresas boas, imaginação e alguns passos mais próximos de todas as metas!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Correr à chuva


É preciso ser bastante louco, pensava eu para os meus cordões, enquanto corria no piso irregular da baixa do Porto numa noite chuvosa. Mas a companhia da mana e de mais cinco mil loucos deixou-me estranhamente bem disposto. Dez quilómetros em 52 minutos e 40 segundos foram, nestas condições, uma boa vitória moral, para acabar de vez com 2009.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Mensagem de Natal

- HETEROSEXUALITY IS THE OPIATE OF THE MASSES!
- THERE WILL BE NO SEXUAL REVOLUTION WITHOUT HOMOSEXUAL REVOLUTION!
- JOIN THE HOMOSEXUAL INTIFADA!


in 'Raspberry Reich', de Bruce La Bruce

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Um fraquinho por v.h.m.



Há dias assim: terminas um livro e repousas a nuca saciado de frases. Aqui tratava-se de "O nosso reino". O terceiro dos romances (lidos pela ordem inversa da publicação) confirma-me o assombro perante tanto talento. Depois descubri-o, sem carnalidades mas em carne e osso e voz, assim despretensioso e doce. As prendas de Natal trazem quase todas a sua marca, que para mais é multifacetada: há letras de prosa e poesia, há desenhos e há a voz nesta música. Um brinde à longa vida criativa de valter hugo mãe!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Nuits de la pleine lune, de Eric Rohmer


Há quem se irrite solenemente com os filmes do Eric Rohmer. Ou porque os personagens são snobs, ou porque não se calam, ou porque pura e simplesmente não vêm interesse em nada daquilo. Para mim, Rohmer é um dos génios do cinema. Não pelo arrojo formal (até há algo de tremendamente contido, como se se quisesse despojar cinematograficamente o objecto, reduzindo-o à sua essência). O que me atraí é a leveza com que organiza os seus pequenos contos, dotando as personagens de um saber ser que para mim é todo um compêndio de filosofia, a que regresso sempre que posso. E regressei neste sábado, à acolhedora sala do Teatro do Campo Alegre, para ver "Noites de Lua Cheia" (de 1984). Foi no mesmo dia em que fiquei a saber duas boas notícias para o Porto: o afastamento do Red Bull Air Race para a capital (em boa hora!) e a reabertura do Cinema Nun'Álvares, que regressa assim à condição de única sala de cinema da cidade (não considerando, por razões cuja enumeração considero disponsável, os antros de degustação de pipocas dos centros comerciais).

Ler em comunidade

Organizando-me a custo, finalmente consegui comparecer a uma (a última) sessão da comunidade de leitores aqui ao lado, na BMAG. O livro a conversar era o do Manuel Jorge Marmelo ("As Sereias do Mindelo"), que valter hugo mãe, o escritor (e leitor) convidou para estar presente e comentar a diversidade de leituras a partir do seu texto. Imagino que, como autor, deve ser desconcertante perceber isso. Em primeiro lugar, esclareceu-se: o texto não é autobiográfico. Pelo menos não no sentido literal. Resulta de um conjunto de pequenos contos que, por sugestão do editor, se transformaram num pequeno romance. E é ficção, no sentido em que aquelas mulheres não existem senão na projecção do autor (embora para sua grande surpresa algumas personagens se tenham materializado numa visita posterior a Cabo Verde). Pensei que podíamos estar perante uma dupla falácia: a de que, enquanto jornalista (a verdadeira profissão de Jorge Marmelo), o relato é a transcrição da realidade, e a de que enquanto ficcionista, não se descrevem senão invenções. Ocorreu-me uma analogia com o périplo pelas ilhas de Nanni Moretti, num dos episódios de 'Caro Diário': também aí o protagonista procurava ideias para uma história, sem se aperceber que a procura já tinha ganho uma identidade própria enquanto tal; e também aí o autor se apresentava numa encenação autobiográfica. Não era também uma viagem de auto-conhecimento o percurso pelas ilhas feito por Ulisses? As ilhas enquanto universos circunscritos e 'puros', onde experimentamos um impacto não contaminado, como num estudo de laboratório, de onde se arredam todas as outras variáveis? Os lugares (incluindo os literários) são sempre a intersecção entre uma realidade e o olhar adoptado. No acto criativo, o autor dissimula-se mas também se expõe num jogo de papeis cuja chave pode residir numa opinião polifónica como a que se fez ouvir naquele pequeno auditório. E eu, roído, calei os meus bitaites e desejei que aquela conversa não terminasse.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Flower power

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

VITÓRIA, VITÓRIA...

... agora começa uma outra história!

Emoções WC

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Não-lugares, de Marc Augé


Multiplamente citado, o conceito de não-lugar nasce num pequeno ensaio crítico acerca das transformações no olhar antropológico. Basicamente, procura definir a mutação resultante das transformações nos conceitos de espaço e tempo, por sua vez decorrentes da aceleração da 'sobremodernidade' (de que são exemplos a possibilidade de comunicar com todo o planeta em simultâneo, ou a multiplicação das mobilidades). Nessa mudança, aquilo que explica o que somos é cada vez mais esse estado de transição (definido exemplarmente pelo tempo que ocupamos em espaços como aeroportos, autocarros, auto-estradas, hoteis, em viagem, etc), por oposição a uma visão de permanência e de identidade confinada (que procurava, nesse olhar antropológico do 'outro' uma essência imutável e ritualmente reproduzida). Desta forma, Augé contraria a perspectiva mais conservadora que olha para estas mudanças como uma alienação e motor de desagregação social, conferindo-lhes antes uma esperançosa capacidade de reconstrução identitária.

Used to be, Beach House


Isto era para ser um post musical sobre o concerto da Maria João com a Orquestra de Jazz de Matosinhos na Casa da Música. Acontece que (como dizem cá no burgo): há uma, o imeem, através do qual publicava músicas, passou para o MySpace; há duas, pelo youtube também não se encontra nada de jeito da cantora; há três, cruzei-me com esta música maravilhosa desta banda que consegue lançar um raio de luz no bréu denso de um dia chuvoso.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Infidelidades, de Woody Allen


Traduzido com muita eficácia e oferecido pelos meus queridos Esteva e JMS (que saudades do vosso cantinho!), o livro inclui três pequenas peças, com o estilo reconhecível do autor. Foi o antídoto perfeito para o ambiente sisudo e apático criado por dias chuvosos na granítica invicta, com direito a risadas sentidas, numa cadência inusitada. Praticamente despojado de indicações cénicas, é um texto para teatro de leitura bastante fluída. Uma boa prenda, se quiserem contrariar o clima oco e pesado da época.

Ossessione, de Luchino Visconti


O filme do mestre que, 66 anos após a sua estreia, todos podemos ver ou rever com um deslumbre imperturbável.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Encontro com a AMPLOS


A AMPLOS - Associação de Pais e Mães pela Liberdade de Orientação - é um grupo de pais que pretende mobilizar as famílias de pessoas gays e lésbicas, partilhando experiências, fornecendo informação e dessa forma combatendo a discriminação e homofobia. É uma iniciativa que considero extraordinária como gesto de cidadania e que poderá ter um papel importantíssimo nestes tempos que se aproximam, em que o debate parlamentar sobre a igualdade no casamento se irá alargar a toda sociedade numa escala ainda imprevisível. A associação dá-se a conhecer hoje às 16 horas no Porto, no espaço A Cadeira de Van Gogh e eu estarei por lá, como representante da associação ILGA-Portugal. Ficam aqui os contactos, para os eventuais interessados (isso inclui pais e outros familiares que precisem se informar, desabafar ou simplesmente partilhar):
AMPLOS: 918820063
amplos.bo@gmail.com
http://amplosbo.wordpress.com/about/

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Júlia


Passaram já quase nove meses desde que nasceste, o mesmo tempo que precisaste para te formares na barriga da tua mãe. No primeiro dia, fiz-te este desenho, que entretanto perdi com um bloco desaparecido. Penso em ti com uma assiduidade maior do que os nossos encontros, mas isso é uma conversa que teremos um dia como dois bons amigos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Fim de semana cultural

Depois de um desastroso tiro ao lado, de que escapamos ao fim de duas "músicas" (a apresentação do projecto Hercules and The Love Affair no Clubbing da Casa da Música: sem Antony, sem bateria, sem guitarra, sem sopros e sem interesse), seguiram-se outros dois serões culturais. No primeiro, espreitámos "Breve Resumo da História de Deus", um texto pouco conhecido de Gil Vicente levado à cena pela companhia do TNSJ, no fim do qual concluo o que sempre concluo no São João: "foi a última vez!"; ou seja, óptimos cenários e figurinos, mas exploração rígida e enfadonha de um texto, devo admitir, nada fácil: afinal, há quantos séculos não falamos aquela língua? No Domingo, o tiro acerta no alvo (o que, considerando a raridade do facto nas visitas ao teatro, me encheu de júbilo): "Jardim Zoológico de Cristal", a primeira peça de sucesso de Tennessee Williams, na versão inspiradíssima do projecto Ao Cabo Teatro, com a amiga Micaela e a mais brilhante actriz (e actor) que eu já conheci nos palcos portugueses: Maria do Céu Ribeiro.

Vão ver, que não se arrependem (mais info aqui).
Depois das peças, chá e conversas. Isto sim, concluímos, são os serões ideais para este casal de trintões tripeiros.

As Sereias do Mindelo, de Manuel Jorge Marmelo


Mais um (novo) escritor do Porto, e a assinatura da cidade parece reconhecível no texto, ainda que o itinerário (físico mas sobretudo mental) vagueie por Cabo Verde, Angola, São Miguel e Galiza. Não é bem um romance, antes um meta-romance ou um texto sobre a escrita. Como se, enquanto recolhesse pistas para mais tarde trabalhar, como um etnólogo que regista observações (neste caso eróticas e sentimentais) para posterior interpretação, acabasse por perceber que o caderno de viagem tinha ganho uma identidade própria. Não é brilhante, mas enquanto 'coisa' literária pouco classificável e despretensiosa vale a pena espreitar.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Dança da Fada do Açúcar


Se para alguma coisa serve a época, poderá ser para recordar os clássicos. E melhor ainda se for com as sobrinhas. O 'Quebra-Nozes', de Tchaikovski, foi ontem, no Coliseu, pela companhia Ballet Clássico de Moscovo. Aqui, um excerto na versão de 1958 de Ekaterina Maximova.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Henrique Pousão (1859-1884)


Modelo masculino, 1881
Um dos belíssimos exemplos da arte maior do artista portuense, na exposição dedicada pelo Museu Nacional Soares dos Reis.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Le Plaisir, de Max Ophüls (1952)


O grande, grande mestre do cinema francês, resumiu nesta versão filmada de três contos de Guy de Maupassant a essência do conhecimento humano acerca do amor, do erotismo e das suas relações inevitáveis com a vida e a morte. Mon dieu, tanto para aprender daqui (poeticamente, cinematograficamente, literariamente)...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Surpresas do Cinanima

Todos os anos há pequenas e grandes surpresas neste tão mal publicitado festival de Cinema (com letra grande). Deixo-vos com um dos favoritos pessoais deste fim de semana.

Uma casa na baixa


Para conhecer os trabalhos em que se vão meter dois caxopos às voltas com a recuperação de uma casa na baixa, é só tocar na batente da porta. Visitem e comentem.

sábado, 14 de novembro de 2009

"o remorso de baltazar serapião", de v.h.m.


Na senda do reencontro com a nova literatura portuguesa, investi numa pequena (e muy bonita) edição deste romance de valter hugo mãe, em que se relatam as aventuras e (sobretudo) desventuras de uma família proscrita em registo medieval. Aqui trata-se o amor, a violência, a morte e a superstição, numa escrita barroca e superlativa.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Alerta:




Já agora, o Cinanima também já começou!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Visões de sobrinha


Os tios, eu e o parque.

domingo, 8 de novembro de 2009

Mais uma corrida, mais uma viagem...


O tempo chuvoso desconvidava a sair de casa, mas a partida via-se da janela e a mole humana que já começava a aquecer encorajava. O resultado foram 14 km (a distância amigável, que a maratona fica para outros campeonatos) de prova divertida, em que repeti o modus operandi habitual: começar tranquilo, no fim do poletão, e depois acelerar, mantendo um ritmo coerente, que me permite fazer todo o percurso com ultrapassagens. Psicologicamente, é um triunfo, e a boa disposição geral ajuda sempre à festa (hoje incluía até um corredor vestido de frade franciscano, com uma cruz gigante a abençoar os corredores). E foi assim, durante uma hora e nove minutos exactos, antes de me recolher aos braços do mais que tudo e ao consolo de roupas secas e bebidas e comidas retemperadoras. Tudo se passou aqui.

Letras turinenses


Poderá a escrita matemática funcionar como um prelúdio da escrita literária? "A solidão dos números primos", um belo romance de leitura ágil e cativante, com cores transalpinas, escrito por Paolo Giordano, um jovem físico na sua estreia nas letras, parece querer provar que sim. O que poderá significar uma de duas coisas ou ambas: as letras são uma arte mais lógica do que aparentam, ou as ditas ciências duras também são feitas de felizes improbabilidades e incertezas.

Do baú

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Morder-te o coração


Com este título, Patrícia Reis designa um corpo de trabalho em prosa apaixonada, num registo frequentemente próximo de uma poesia livre de espartilhos, mas sem devaneios formalistas: aqui vai-se direito ao assunto, e os personagens são o que a história lhes dita, ainda que o próprio leitor pouco fique a saber sobre a sequência de acontecimentos propriamente dita. Há algo que me agrada em tudo aquilo, como se só pudesse ser escrito por alguém que maltratou o coração, sobreviveu, e encontrou o tom certo para descrever a experiência. Era o próximo livro a ser 'conversado' na comunidade de leitores aqui ao lado, mas a revanche das amígdalas deixou-me de novo a braços com três dias de febre, suor e drogas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Aforismos sobre a visão

Tudo o que vemos são formas de olhar.
O contorno é que policia a visão.
O esboço é um olhar que não quer acabar.
Cegar é ceder à visão.


Proposto aqui.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Do baú

o sol repousa na nossa nudez
e o teu sorriso
sobre as missangas italianas

tudo neste momento nos empurra para a luz
e aquece esta casa que nos habita

não abras nenhuma janela
o meu choro pode querer voar
e espraiar-se sobre a cidade

não abras a boca
que somos este gesto silencioso e contínuo

atravessa comigo a dor
e apaga o meu rasto
quero-me perder outra vez

se a tristeza nos chamar
estamos ocupados a escolher o futuro


Julho de 2005

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A vida dos cabelos #4


Prancha 4

Under Capricorn, de Alfred Hitchcock


Mesmo aos grandes mestres não são perdoados desvios. Aparentemente, este belo melodrama de época, feito de um ritmo lento e longos planos-sequência, uma peça de câmara sem grandes arrojos formais, não terá sido bem recebido por um público habituado ao estilo suspense/intriga de A.Hitchcock. Mas é bom vê-lo com os olhos de hoje, sem preconceitos, e deslumbrar com a ebulição daquelas almas em confronto.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

À espera no centeio, de J.D.Salinger


Há uma passagem engraçada neste livro, quando o protagonista imagina como projecto pessoal, para um futuro que não se adivinha promissor (é um adolescente expulso do colégio e que deambula pela cidade antes de decidir o regresso a casa), ser um jogador numa situação imaginária: ele seria o que estaria escondido no centeio junto ao precipício, à espera dos desafortunados que correm para o abismo para acabar com a sua vida. Como se nos dissesse, o autor, que só conseguimos viver nesse interstício, entre um ideal altruísta e a nossa compulsão para a destruição.

domingo, 18 de outubro de 2009

Pernas para que te quero II

E foi assim, sempre junto à beira-rio, numa hora, quarenta e sete minutos e cinquenta e três segundos, que acabei a minha primeira meia maratona. Estranhamente, com vontade de repetir a experiência (assim que passe esta sensação de atropelo no corpo). A alma? Lavadinha!

sábado, 17 de outubro de 2009

Filosofia de w.c

"Sorria, você não está a ser filmado."
in w.c. edifício da reitoria da UP, 4º piso.

Pernas para que te quero


Faltam exactamente 24 horas (isto de ter metas destas é de um tipo quase esquecer as agruras da vida).

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A vida dos cabelos #3


Prancha 3

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Cândido versão táctil


"(...) Conegundes, de dezassete anos, era corada, fresca, gorda, apetitosa. O filho do barão parecia em tudo digno do pai. O perceptor Pangloss era o oráculo da casa e o pequeno Cândido escutava-lhe as lições com a toda a boa-fé da sua idade e do seu carácter." Todos se encontravam, arrepanhados de frio, na áspera rugosidade do salão, arranhando-se discretamente entre si.
Exercício-proposta no âmbito dos Cinco(Mil)Sentidos

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A hermenêutica proletária


v.h.m por Nélson d'Aires

E se repente, pensei eu, decidisse experimentar um novo autor português? Para estas coisas basta uma linha que alguém deixa escrita a dizer, por exemplo, 'já só consigo pensar no próximo livro do Valter Hugo Mãe'. E assim foi, com esta linha na mão, e o apelo de um título - "O apocalipse dos trabalhadores", que me lancei numa viagem deslumbrante por uma escrita fresca e terra-a-terra como já não via há muito. Todos julgamos conhecer estas mulher-a-dias, carpideiras e trolhas ucranianos. Mas afinal não, e todas as paixões do mundo terreno e do além respiram nas suas almas e corpos feitos palavras. Digeri o livro, e depois, como que à espera do próximo pitéu, inscrevi-me numa comunidade de leitores aqui mesmo ao lado, na biblioteca municipal. De quinze em quinze dias, parece que há uma confraria que se reune lá para degustar em conjunto uma iguaria da nova literatura portuguesa. Também parece que (e ainda bem) se podem correr vários riscos...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A vida dos cabelos #2


Prancha 2

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A vida dos cabelos #1


Prancha 1
Workshop de BD com Paulo Patrício

Do baú

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O Raio Verde, de Jules Verne

Em 1882, quando a obra foi editada, duas visões do mundo opostas degladiavam-se para conquistar a predominância: de um lado, o positivismo racionalista, a crença no poder explicativo da lógica e dos teoremas matemáticos; por outro, o romantismo apaixonado, o olhar dos artistas, da poesia e dos fantasmas. Neste pequeno romance, à sombra dos imensamente mais célebres "Viagem ao centro da Terra" ou "As vinte mil léguas submarinas", dois personagens encarnam, cada um, as mundividências contrastantes. Caberá à protagonista, uma heroína curiosa e destemida, a escolha amorosa que designa também a identificação do imaginativo autor. O livro, esse foi descoberto numa simpática feira de antiguidades e velharias em Aveiro, numa dessas escapadelas com que tentamos combater a neura dominical.

sábado, 26 de setembro de 2009

A vida real, segundo Joan as Police Woman


Real Life - Joan As Police Woman

Palavras roubadas #2

Io vivere vorrei addormentato
entro il dolce rumore della vita.


Sandro Penna

Segundo mosaico micaelense (e fim de périplo insular)


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Letras roubadas #1

(...)
nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility: whose texture
compels me with the colour of its countries,
rendering death and forever with each breathing

(i do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even the rain, has such small hands

e.e. cummings

domingo, 20 de setembro de 2009

Escrever, desenhar...


Ilustração de Gémeo Luís
Comecei há dias um novo workshop, de escrita e desenho, com o Emílio Remelhe. Chama-se "Cinco (mil) sentidos" e a primeira sessão teve como o mote inspirador o paladar. Resultados a publicar em breve neste recanto. Mais sobre o ilustre dinamizador aqui.

"As benevolentes", de Jonathan Littell


Terminei ontem o calhamaço que me acompanhou/assombrou durante o último mês e meio: "As benevolentes", o polémico, aclamado e criticado livro de Jonathan Littell (na foto). Oferecido por colegas de trabalho, recomendado daqui e dali, foi numa atitute irreflectida que me lancei à hercúlea digestão das quase 900 páginas escritas por este jovem escritor, com um currículo essencialmente preenchido com missões humanitárias em zonas de conflito. Quando dei por mim, já tinha iniciado o caminho, e foi uma questão de orgulho terminá-lo. Se valeu a pena? Sim, para quem estiver disposto a acompanhar de perto a narração na primeira pessoa de um carrasco nazi, durante a II Guerra Mundial, desde a invasão da Polónia, passando pelo extermínio de judeus, ciganos, deficientes, homossexuais e outros 'parasitas sociais', até à queda do Terceiro Reich. Paralelamente, acompanhamos a pequena narrativa pessoal do protagonista, parricida e coprofílico, combinação coerente da abjecção com a repugnância moral dos crimes descritos. Um objecto literário (literalmente) pesado mas desafiante.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

S.Miguel #8


Na costa norte, em direcção ao Nordeste e a Povoação, as escarpas quebram-se em fajãs cultivadas, junto a um mar revolto mas comedido.

S. Miguel #7


A arquitectura popular açoreana pode já ter tido dias mais felizes (são muitas as adulterações e os 'monos', sobretudo na cidade), mas ainda existe muito com que nos deslumbrarmos, desde as pequenas habitações rurais, com as pequenas 'falsas' (pisos amansardados) até aos exuberantes palacetes de aristocratas caídos em desgraça, rodeados de vegetação tropical.

domingo, 13 de setembro de 2009

Mosaico micaelense

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Alerta: novo Miyasaki!


O sr. na imagem é Hayao Miyasaki, junto a desenhos do seu novo filme "Gake no ue no Ponyo" ('Ponyo à beira mar', na versão portuguesa). O filme está em cartaz, mas talvez não por muito tempo porque: 1. não inclui estrelas descartáveis; 2. é um desenho animado; 3. é japonês; 4. é um filme para crianças; 5. finalmente, é um filme inteligente. Tudo ingredientes para fadar um filme ao fracasso nos dias que correm. Fica o aviso. Eu já vi e deslumbrei-me, como sempre com tudo o que sai do mestre.

S. Miguel #6





Lagoa do Fogo: o derradeiro bilhete-postal açoreano. Felizmente, a descida à cratera não é para todos, pelo que é fácil sentir que viajámos numa máquina do tempo, para uma era jurássica, com plantas e aves estranhas a dominar o mundo. Hélas, a interromper a religiosidade sonora, ouvia-se um 'bufta bufta' irritante. Que tipo de ser descerebrado se lembrará de levar tecno para aquele sítio?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

S. Miguel #5




E as praias, brandas as da costa Sul, agrestes na costa Norte, mas todas especiais. Personal favourites: praia das Milícias, junto a Ponta Delgada, onde se comem pratinhos de chorar por mais numa tasca de esquina e se apanham ondas maravilhosas; e a praia de Santa Bárbara, selvagem, misteriosa e não por acaso escolhida para uma etapa do campeonato mundial de Surf.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Intermezzo bachiano (e estado de espírito corrente)

S. Miguel #4


Aqui, um dos 'ilhéus' da pequena e simpática localidade dos Mosteiros. A praia consegue ser um pouco agreste, com o mar picado, os seixos a baterem nas canelas e as águas vivas (nome local para alforrecas) à espreita. Mas a beleza é desarmante e logo ao lado há mais piscinas naturais, mais protegidas e perfeitas para os menos afoitos com as rebelias do mar.