sábado, 31 de julho de 2010

Oficina #2

Artemisa, deusa da caça.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Oficina 'Um livro sem letras'

Storyboard em curso...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Nápoles 2010

Não há como explicar em palavras uma cidade que tem de ser vivida com todos os sentidos bem despertos. Novidades neste regresso incluíram, entre outras, uma visita guiada à Nápoles subterrânea, festas de estudantes em palácios com pelo menos 4 séculos de idade, manifestações de trabalhadores e de multidões queer, degustações gastronómicas e uma visita ao mítico Teatro San Carlo para um bailado contemporâneo. Contas feitas, é o mais surpreendente e subvalorizado recanto de Itália.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Museo Archeologico Nazionale

Perdido mais um caderno de esquissos (quem os faz sabe o que essa perda pode significar), demorei algum tempo até ter vontade de pegar nestas fotos. Mas cá ficam, sem justiça para as criaturas que habitam este inesquecível palácio napolitano.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Senhora ministra


Vi-a ao vivo há dias a louvar a iniciativa, a tal que fala das oportunidades para todos. A seguir a si falou o primeiro, no tom oco dos primeiros. Gostava de lhe apresentar um senhor. O sr. x é um funcionário da nossa autarquia. Se desempenha o cargo com brio desconhecemos. Só conhecemos o seu percurso na iniciativa: há uns anos (poucos) atrás, pediu transferência para o nosso centro. Trazia no currículo a 4ª classe e uma validação parcial do 6ºano através do famoso processo de reconhecimento e validação de competências. Louvamos-lhe o esforço, disponibilizamos-lhe alguma formação e a custo e com muita boa vontade lá lhe completamos o 2º ciclo, apesar da tenacidade da figura, que invocou santos e altas patentes políticas para que lhe concedêssemos o 9º (recordo que chegamos a ter a honra da visita da mãe do senhor presidente a interceder a seu favor). Como nestas coisas gostamos de ser colaboradores e transparentes, dissemos-lhe que nada feito, e que passasse bem. Por portas travessas, descobrimos recentemente que a esposa do senhor era nossa cliente, quando no seu portefólio, entre fotos de baptizados e comunhões, nos apareceu aquela cara familiar. Prontificou-se a esclarecer que ele já tinha nesta altura completado o 12º ano sob os auspícios de tão inovadora modalidade que o ministério da educação em boa hora decidiu assumir como sua. Consultando o seu cadastro, concluímos que tinha passado por nada menos do que 4 (quatro!) processos de RVC. Pondo de parte a capacidade empreendedora do senhor x, reconhecemos admirados a infinita flexibilidade de um sistema que assim sim, pudemos considerar rápido, eficaz e indolor. Mas, senhora ministra, apesar da eloquência da sua intervenção, não a ouvi dizer que entre os valores que este governo mais preza estavam a sacanice e a mentira. É que só assim poderíamos vislumbrar uma coerência entre os fins e os meios e erguer as mãos para um aplauso merecido.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Ala Kalandraka

Esta ano era a banca mais atraente da Feira do Livro. Da editora Kalandraka saem clássicos de literatura, sobretudo pequenas pérolas de simbiose texto-ilustração como o exemplo da imagem, uma reunião de contos de uma fantasia mágica mas (ao contrário de muita edição que confunde literatura para a infância com acefalia) com cabeça, tronco e membros e, portanto, recomendável para crianças de todas as idades. Na véspera de outra oficina, desta vez com o Rui Vitorino Santos, já quase só penso com traços e cores.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Stromboli B/W


As ilhas são lugares de magias várias. Comprovei-o no regresso a Stromboli, quando, sob o olhar quase resignado dos residentes e a atitude assustada dos forasteiros, o vulcão relembrou a todos a sua condição de mortais, expelindo três bolas de fogo que incendiaram metade da encosta. Num giro de barco à volta da ilha, o pescador-guia agradeceu ao vulcão por cada manifestação de vida. Essa magia é o seu ganha pão.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Filho pródigo...


Enquanto aguardava pela entrevista de selecção de mestrado, fui tentando não me deixar afectar pelo ambiente sisudo do edifício - a Torre B da Faculdade de Letras. Áreas significativas de paredes exteriores sem azulejos que entretanto caíram emprestam um ar de desleixo ao complexo. Relembro sem saudade os tempos percorridos naqueles corredores e não me ocorrem memórias de momentos felizes durante os anos da licenciatura. A entrevista é rápida e algo vazia, coerente com o convite à apresentação de candidatura recebido no e-mail. Há uma pressão geral e não verbalizada pelo regresso à academia. Valerá a pena tentar com tão pouca empatia na mão?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A bela Charlotte


Do tempo em que as musas eram presenças inspiradoras e povoavam o imaginário da vanguarda artística e cultural europeia, sem corantes nem conservantes digitais, havia, para mim, uma presença maior entre as maiores: Charlotte Rampling. Apanhei-a em diferido, mas nunca mais me esqueci daquele grande plano no Stardust Memories, em que ela, lavada em lágrimas, confessa para a câmara: "I just can't feel anything" (é um filme norte-americano, é certo, mas nessa altura o Woody Allen só fazia filmes a la Bergman ou a la Fellini). Era um outro tempo pessoal também, em que mergulhava no ecrã como quem procura um lar. Hoje à noite, mal posso acreditar que a vou encontrar, aqui ao lado.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Goldrapp & Peaches



Duas lésbicas maravilhosas encabeçam o cartaz do festival de Verão cá do burgo. Vila Nova de Gaia soma e segue com a ultra cool Alison Goldfrapp (aqui em versão Alice Cooper meets Olivia Newton John) e a bombástica Peaches.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Le città invisibile, de Italo Calvino

Diálogo imaginado entre Marco Polo e Kublai Khan, o explorador veneziano e o conquistador mongol, trata-se de um pequeno livro de relatos de viagem, que escondem reflexões importantes - poéticas, políticas, culturais e ecológicas - sobre as cidades, as imaginadas e as reais, arruinadas e por construir, de ocidente a oriente de todas as coordenadas. Os lugares descritos em pequenos capítulos falam sempre do mesmo lugar, esse espaço-tipo que é a urbe, definida pela pulsação que a habita e que se constrói, como se diz a alturas tantas, por oposição ao deserto que a rodeia. Devia fazer parte do programa de arquitectura e geografia do planeamento, ponto.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Mãe



segunda-feira, 12 de julho de 2010

Meter-se em trabalhos

Dizem que verbalizar ajuda a organizar, a identificar problemas e a encontrar estratégias para os ultrapassar. Ultimamente, infelizmente, só consigo verbalizar queixumes, e parece-me que assim só consigo escurecer o que me rodeia (e sobretudo os que me rodeiam) com o negrume que se abateu em mim nos últimos tempos. Motivos? Há-os sempre, se quisermos; acredito que o que varia é a nossa resistência à adversidade e especialmente o olhar que lançamos sobre o mundo. Sou capaz, contudo, de descortinar um foco 'infeccioso' desta espécie de angústia melancólica: o meu trabalho. Dou voltas e voltas mas por muita imaginação e alternativas que procure, não consigo apagar esta descrença estrutural num programa que perdeu há vários anos o potencial inicial. Participo em iniciativas, falo com candidatos, debato (cada vez menos) com os colegas, mas tudo parece contribuir para aumentar a reverberação de uma palavra que ecoa com cada vez mais força na minha cabeça: hipocrisia. Na era das novas oportunidades, tudo está bem desde que não se levantem ondas (quem já tentou negociar uma certificação parcial sabe do que estou a falar). Desse implícito colectivo rumaremos felizes, ignorantes de ego insuflado, para a Europa civilizada. A cumplicidade paga as contas, a cumplicidade certifica, a cumplicidade emprega, a cumplicidade compensa. Traz os mundos e fundos que promete como garantia de felicidade imediata. Mas também corrói, mina o terreno da criatividade, da perseverança, do empreendedorismo, premeia a vigarice e a espertalhice saloia em detrimento desses 'entediantes' princípios que são a honestidade e a justiça social. Procura-se, portanto, um novo olhar ou um novo emprego.

Em trânsito...


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Oficina de ilustração (divulgação)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

"Lo zen e l'arte di andare in bicicleta", de Claude Marthaler


De regresso. Ao lar, à cama de casal, ao trabalho, ao tempo cronometrado, ao presente, ao enredo inescapável da realidade. Quatro dias em Nápoles mais cinco em Stromboli e um regresso de fugida por Roma. Muitas impressões e sensações, pouca vontade de registo. Insónias provocadas por uma diabólica micose nas virilhas pulverizaram os projectos de leitura, com uma pequena excepção: esta simpática reportagem filosófica sobre a odisseia do suiço Claude Marthalier à volta do globo. O título alude a um outro livro, lido há mais de uma década atrás: "Lo Zen o L'arte della Manutenzione della Motocicleta", onde, num registo romanceado, se revelava o mundo visto de uma mota. Nestes dias de canícula, e malgré a simpatia que o 'projecto bicicleta na cidade' me inspira, tenho que admitir que é aos veículos motorizados em duas rodas que reconheço maior eficácia. O que quer dizer que está na hora tirar a Vespa da garagem, consertá-la e abalar por essas ruas fora.