quinta-feira, 20 de março de 2008

Max e o homo ludens

Agora eu era o herói. Ou era um adulto a brincar às crianças. E a perceber no processo que sou uma criança perdida e atrapalhada. Mas tudo se resolvia. Estive três dias com Max Haetinger, na FPCEUP. É um cara brasileiro, alto-astral e alto-intelectual, que brincou com companheiros como Paulo Freire e Rubem Alves. Para ele, aprendizagem sem lúdico não avança. A formação era sobre isso, e como parecia tão distante do meu universo decidi espreitar. Falou-se, brincou-se, dançou-se, cantou-se e fez-se poesia colectiva. E afinal a lúdico venceu as minhas resistências, aquele impulso recorrente para sair da sala e enfiar-me em casa. Havia uma luminusidade naquelas sessões que por contraste revelou o negrume do meu quotidiano profissional. Mas não terão também os meus adultos nas Novas Oportunidades vontade de brincar?

quarta-feira, 19 de março de 2008

Sandro G


Um menino nasce, como tantos outros, em Rabo de Peixe. Cresce e na dança da sobrevivência aprende a traficar ilícitos e a lidar com a lei. E também descobre na música um passaporte para a redenção.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Hora yoga

Enquanto se ultimam os preparativos para a última candidatura aos dinheiros europeus, garantindo assim mais um ano de ganha-pão, já só conto as horas para a próxima sessão de yoga. É só atravessar a rua de casa, descer pelo pátio onde uma magnólia gigante se despede das últimas folhas, atirando-as suavemente para um pequeno lago, e entrar para a pequena sala com grandes janelas de vidro. As velas já estão acesas, é só escolher um tapete, recomeçar a respiração (há algo nestas sessões que relembra um reinício das etapas primordiais) e pensar no corpo como um instrumento cujas cordas vão ser tangidas nos próximos sessenta minutos, libertando da concavidade a ressonância suja de uma semana de trabalho.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Fantasmas de acrílico #4


Acrílico em tela 40x50cm

quarta-feira, 5 de março de 2008

Persépolis, de Marjane Satrapi


Pertinente, fresco, político, jovem e deslumbrante. É mesmo o melhor filme dos últimos (largos) tempos.

terça-feira, 4 de março de 2008

A gerência agradece...

... dicas de sítios tranquilos (quer dizer, sem televisão ou música ambiente ou grupos com síndrome de abstinência de shopping) para um humilde trabalhador poder repousar e ler um livro ou rabiscar no bloco de notas ao fim da tarde, aqui para as bandas do Porto.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Major Tom nas escolas

No dia seguinte à morte de Luna, embarco em mais uma missão escolar, a pretexto de um encontro com rapaziada do 12º ano. Temas: sexualidade, descriminação, orientação sexual, crimes sexuais e novas tecnologias. Baralhados? Bem, nestas coisas jogamos com o que temos. E como o que tinha era pouco tempo e o interesse que sobrava numa sexta-feira à tarde, deixei o PowerPoint repousar na pen, e optei por partilhar o meu próprio percurso pessoal com a plateia, regressando ao meu tempo de liceu na esperança de estabelecer uma plataforma de comunicação: falei das angústias, do isolamento, da discriminação, passando também pela revelação e pela integração da coisa. Insisti na identificação da homofobia e na importância dos ombros amigos e das associações. Ao meu lado, um inspector da PJ alertou para os perigos da Internet: a revelação de dados pessoais, a exibição da intimidade, o assédio e o risco envolvido nos encontros reais com um dos milhões de 'amigos' das comunidades virtuais. Apercebo-me do quanto um universo paralelo cativou a nossa juventude, transformando de forma brutal o modo como comunicamos e nos relacionamos. Regressei com a sensação de missão pouco cumprida, não antes de publicitar o meu projecto educativo preferido, na esperança de uma nova colaboração.

domingo, 2 de março de 2008

Godard/Lully - Armide