quarta-feira, 30 de março de 2011

O escritor e a escrita

Outro romance (novela?) de Cunningham sem grande chama, lido quase como quem procura no último parágrafo a redenção das trezentas páginas anteriores. Existem ingredientes que alimentam essa esperança, que se concentram nas personagens e na sua pequena história individual (e era aí que residia o fascínio singular de livros que não trouxeram fama ao autor, como "Sangue do meu sangue" ou "Uma casa no fim do mundo"). Mas a vontade de erguer a fasquia da narrativa a outros patamares, um certo ensejo de épico e ensaística, águas onde evidentemente nem todos sabem navegar, tornam flagrantes os limites do escritor (precisamente para além do material humano e quotidiano que poderia evidenciar a sua identidade).

terça-feira, 29 de março de 2011

Educação LGBT em digressão

Novas sessões do Projecto Educação LGBT em Valongo, Castelo de Paiva e Resende. Quanto mais longe dos centros urbanos, maior é a necessidade de 'picar pedra', sobretudo em contextos pouco habituados a debater o conceito da diversidade (e onde aparentemente essa diversidade é menos visível) e sobretudo a chamar as coisas pelos nomes, no que diz respeito à identidade sexual. É o activismo gay on the road e fico feliz por poder participar.

sábado, 26 de março de 2011

"L'Illusionniste" - Tati por Chomet

Um maravilhoso filme artesanal que é imperativo conhecer, para todos os amantes do cinema. Adaptação feliz de um argumento original de Jacques Tati, é uma singela história de amor à delicadeza e à linguagem com que se constrói um humor sui generis, muito feito de pequenos pormenores, para o que contribui a adaptação cuidadosa feita por Sylvain Chomet (valor seguro depois de "Les Triplettes de Belleville" ou da curta "Les Vielle Dame et les Pigeons"). Escapou-me no circuito comercial (onde de qualquer das formas só podia ser visto em salas de shopping) mas felizmente moro a dois passos da Casa da Animação, que em boa hora organizou esta projecção.

Teatro minimalista

No simpático espaço do Estúdio Zero, foi interessante assistir a esta singular peça feita de diálogos banais entre dois personagens sem nome e sem história - "Holiday", dos australianos irmãos Cortese. Não existe propriamente uma narrativa, e não fosse o caso de a peça estar legendada, o mais provável seria acreditar que os actores estavam basicamente a improvisar. É verdade que nas minhas mãos a hora e vinte de duração poderiam ser 'editadas' a metade do tempo. Mas, por outro lado, a banalidade precisa de tempo para se revelar assim: recheada de pequenas pepitas filosóficas.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Cineclubismos

Regresso hoje às sessões de cinema de autor, para ver um filme japonês integrado num ciclo dedicado a "Todas as famílias" (título ambicioso relativamente à amostra de filmes, necessariamente redutora se pensarmos um pouco na variedade de modelos familiares que podemos encontrar). De qualquer das formas, uma sessão fora dos multiplex, de geografias culturalmente periféricas, longe do pivete a pipocas, é basicamente algo de imperdível. Bora?

Não se passa nada...

Nem sempre a crise é tão visível como quando passamos em frente ao edifício onde está a ser organizado um encontro de moda. É ver a situação crítica de estacionamento com os jaguares, bmw e porshes a competir por um lugar, a crise de bilhetes disputados pelos interessados, ou a própria restrição alimentar a que modelos e convivas se vêm obrigados para caber nos seus parcos vestidos, seguramente retalhados por sérios constrangimentos orçamentais. Meu Deus, de facto é um verdadeiro momento de hecatombe económica. Enquanto isso, beneficiários de subsídios de desemprego e do rendimento de inserção regozijam-se com os seus gordos rendimentos, esbanjando a torto e a direito nas suas rendas de habitação de valores exorbitantes, produtos de farmácia perfeitamente supérfluos e livros escolares, que toda a gente sabe não terem utilidade nenhuma. Para quando uma mudança?

The show must go on

Enquanto governos caem e outros se agarram à vertigem do poder absoluto, enquanto povos inteiros dão lições de dignidade e eficiência mesmo em período de tragédia, a vida continua. Entre participar em campanhas de recolha de bens essenciais e visitar escolas para sessões de sensibilização LGBT (o segundo período é o mais intenso em solicitações), o que fazer senão participar participar participar?

segunda-feira, 21 de março de 2011

A ouvir (quase) non stop


Material altamente aditivo, da responsabilidade de Twin Shadow, alter ego artístico de George Lewis Jr. A ver em Vila do Conde, no dia 26 de Maio.

domingo, 13 de março de 2011

Mais uma corrida, mais uma viagem...

Numa manhã em que o São Pedro decidiu pôr em standby a chuva que se aguardava, completei com a mana mais uma divertida prova do Dia do Pai no Porto. Já em meados de Março, o projecto maratona 2011 está atrasado, mas cada prova destas é um novo alento de motivação. Preparar-me para elas é carburar corpo e mente para os verdadeiros desafios do dia-a-dia: o trabalho, a participação como livro humano numa nova ronda de bibliotecas, o tímido regresso ao mestrado, os compromissos pessoais e familiares, as leituras e os quejandos da vida.

quarta-feira, 2 de março de 2011

"Gaza: notas à margem da História", de Joe Saco

Um gigantesco trabalho de investigação jornalística e reconstituição histórica de acontecimentos que a História nunca escreveu e que precisam de ser salvos do esquecimento: os massacres de Khan Younis e Rafah em 1956. Joe Saco vai além de Palestina, o seu opus anterior e deixa-nos a sós com um trabalho difícil mas cuja clareza e importância nos devolve o investimento de tempo com um conhecimento profundo sobre a realidade retratada.

terça-feira, 1 de março de 2011

Para L. #3