quarta-feira, 23 de julho de 2008

A cultura de Arnaldo Antunes


No mesmo dia em que Caetano Veloso acerta o violão numa praça de Aveiro, opto por Arnaldo Antunes num concerto tripeiro. É o meu terceiro encontro com o ex-Titãs, e dele ainda só espero surpresas. Fica o aviso que o investimento no bilhete pode resultar numa chuva de preciosidades como esta letra:

Cultura
O girino é o peixinho do sapo
O silêncio é o começo do papo
O bigode é a antena do gato
O cavalo é pasto do carrapato
O cabrito é o cordeiro da cabra
O pescoço é a barriga da cobra
O leitão é um porquinho mais novo
A galinha é um pouquinho do ovo
O desejo é o começo do corpo
Engordar é a tarefa do porco
A cegonha é a girafa do ganso
O cachorro é um lobo mais manso
O escuro é a metade da zebra
As raízes são as veias da seiva
O camelo é um cavalo sem sede
Tartaruga por dentro é parede
O potrinho é o bezerro da égua
A batalha é o começo da trégua
Papagaio é um dragão miniatura
Bactérias num meio é cultura