sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Wall-E


Depois de Persepolis, com este deslumbrante Wall-E era caso para dizer que este ano o cinema a sério (aquele que passa nas retrospectivas passadas duas décadas) se faz a partir de estúdios de animação. Seria como que um sinal de que o presente não pode ser representado por imagens de carne e osso, e apenas a personificação animada por um traço de lápis ou computador pudesse atingir uma humanidade que os próprios humanos já tivessem obliterado da sua substância. É uma questão recorrente, pelo menos para mim: somos mais humanos do que as ideias que podemos criar? E poderá um cinema tão comprometido com a desumanização (como o é o da Walt Disney nas últimas décadas, e ainda apesar da chancela dos ateliers Pixar) fornecer uma alternativa sedutora para uma resistência crítica neste início de milénio? Bem, a resposta poderá residir em muitas das passagens deste pequeno grande filme.