sexta-feira, 26 de junho de 2009

Jacques de Diderot


O clássico de Diderot, o autor da primeira grande enciclopédia do saber humano, consta da célebre lista de Calvino. É um facto que é difícil perceber a originalidade dos clássicos. Eles já fazem parte da tradição que inauguraram quando chegamos a eles. Depois há os que ainda assim são um prazer, e os que nos causam alguma perplexidade intelectual. Como livro de aventuras, adopta o modelo de Quixote, mas num texto que subverte permanentemente os papeis (o do narrador e o do leitor, do lugar da demiurgia), a alturas tantas não sabemos quem é o amo e quem é o lacaio, o que parece sintonizar-se com os ares daqueles finais de século XIX. O destino de tão empenhada viagem escapa-nos. Talvez seja apenas o fim do romance. Ou o ínício de outra coisa qualquer, que como leitores nos desafia até aos dias de hoje.