domingo, 20 de setembro de 2009

"As benevolentes", de Jonathan Littell


Terminei ontem o calhamaço que me acompanhou/assombrou durante o último mês e meio: "As benevolentes", o polémico, aclamado e criticado livro de Jonathan Littell (na foto). Oferecido por colegas de trabalho, recomendado daqui e dali, foi numa atitute irreflectida que me lancei à hercúlea digestão das quase 900 páginas escritas por este jovem escritor, com um currículo essencialmente preenchido com missões humanitárias em zonas de conflito. Quando dei por mim, já tinha iniciado o caminho, e foi uma questão de orgulho terminá-lo. Se valeu a pena? Sim, para quem estiver disposto a acompanhar de perto a narração na primeira pessoa de um carrasco nazi, durante a II Guerra Mundial, desde a invasão da Polónia, passando pelo extermínio de judeus, ciganos, deficientes, homossexuais e outros 'parasitas sociais', até à queda do Terceiro Reich. Paralelamente, acompanhamos a pequena narrativa pessoal do protagonista, parricida e coprofílico, combinação coerente da abjecção com a repugnância moral dos crimes descritos. Um objecto literário (literalmente) pesado mas desafiante.