sábado, 26 de setembro de 2009

A vida real, segundo Joan as Police Woman


Real Life - Joan As Police Woman

Palavras roubadas #2

Io vivere vorrei addormentato
entro il dolce rumore della vita.


Sandro Penna

Segundo mosaico micaelense (e fim de périplo insular)


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Letras roubadas #1

(...)
nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility: whose texture
compels me with the colour of its countries,
rendering death and forever with each breathing

(i do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even the rain, has such small hands

e.e. cummings

domingo, 20 de setembro de 2009

Escrever, desenhar...


Ilustração de Gémeo Luís
Comecei há dias um novo workshop, de escrita e desenho, com o Emílio Remelhe. Chama-se "Cinco (mil) sentidos" e a primeira sessão teve como o mote inspirador o paladar. Resultados a publicar em breve neste recanto. Mais sobre o ilustre dinamizador aqui.

"As benevolentes", de Jonathan Littell


Terminei ontem o calhamaço que me acompanhou/assombrou durante o último mês e meio: "As benevolentes", o polémico, aclamado e criticado livro de Jonathan Littell (na foto). Oferecido por colegas de trabalho, recomendado daqui e dali, foi numa atitute irreflectida que me lancei à hercúlea digestão das quase 900 páginas escritas por este jovem escritor, com um currículo essencialmente preenchido com missões humanitárias em zonas de conflito. Quando dei por mim, já tinha iniciado o caminho, e foi uma questão de orgulho terminá-lo. Se valeu a pena? Sim, para quem estiver disposto a acompanhar de perto a narração na primeira pessoa de um carrasco nazi, durante a II Guerra Mundial, desde a invasão da Polónia, passando pelo extermínio de judeus, ciganos, deficientes, homossexuais e outros 'parasitas sociais', até à queda do Terceiro Reich. Paralelamente, acompanhamos a pequena narrativa pessoal do protagonista, parricida e coprofílico, combinação coerente da abjecção com a repugnância moral dos crimes descritos. Um objecto literário (literalmente) pesado mas desafiante.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

S.Miguel #8


Na costa norte, em direcção ao Nordeste e a Povoação, as escarpas quebram-se em fajãs cultivadas, junto a um mar revolto mas comedido.

S. Miguel #7


A arquitectura popular açoreana pode já ter tido dias mais felizes (são muitas as adulterações e os 'monos', sobretudo na cidade), mas ainda existe muito com que nos deslumbrarmos, desde as pequenas habitações rurais, com as pequenas 'falsas' (pisos amansardados) até aos exuberantes palacetes de aristocratas caídos em desgraça, rodeados de vegetação tropical.

domingo, 13 de setembro de 2009

Mosaico micaelense

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Alerta: novo Miyasaki!


O sr. na imagem é Hayao Miyasaki, junto a desenhos do seu novo filme "Gake no ue no Ponyo" ('Ponyo à beira mar', na versão portuguesa). O filme está em cartaz, mas talvez não por muito tempo porque: 1. não inclui estrelas descartáveis; 2. é um desenho animado; 3. é japonês; 4. é um filme para crianças; 5. finalmente, é um filme inteligente. Tudo ingredientes para fadar um filme ao fracasso nos dias que correm. Fica o aviso. Eu já vi e deslumbrei-me, como sempre com tudo o que sai do mestre.

S. Miguel #6





Lagoa do Fogo: o derradeiro bilhete-postal açoreano. Felizmente, a descida à cratera não é para todos, pelo que é fácil sentir que viajámos numa máquina do tempo, para uma era jurássica, com plantas e aves estranhas a dominar o mundo. Hélas, a interromper a religiosidade sonora, ouvia-se um 'bufta bufta' irritante. Que tipo de ser descerebrado se lembrará de levar tecno para aquele sítio?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

S. Miguel #5




E as praias, brandas as da costa Sul, agrestes na costa Norte, mas todas especiais. Personal favourites: praia das Milícias, junto a Ponta Delgada, onde se comem pratinhos de chorar por mais numa tasca de esquina e se apanham ondas maravilhosas; e a praia de Santa Bárbara, selvagem, misteriosa e não por acaso escolhida para uma etapa do campeonato mundial de Surf.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Intermezzo bachiano (e estado de espírito corrente)

S. Miguel #4


Aqui, um dos 'ilhéus' da pequena e simpática localidade dos Mosteiros. A praia consegue ser um pouco agreste, com o mar picado, os seixos a baterem nas canelas e as águas vivas (nome local para alforrecas) à espreita. Mas a beleza é desarmante e logo ao lado há mais piscinas naturais, mais protegidas e perfeitas para os menos afoitos com as rebelias do mar.

S. Miguel #3


Para ter esta visão do ilhéu de São Roque (ou do Cão, nome com que é brindado localmente), é preciso estar precisamente na esquina formada pela amurada da piscina natural do Forno da Cal. A entrada é gratuita, e o responsável, de um brio inegualável, tenta segurar diariamente as traquinices dos "'miúdos terríveis de São Roque", enquanto mantém impecáveis a limpeza dos balneários novinhos em folha e a distribuição dos cadeirões pelos visitantes diários, quase todos conhecidos entre si.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

S.Miguel #2


E só dava vontade de estar quedo, mergulhar naquele ar e nos rumores marítimos.

Regresso a S. Miguel


Regressar aos Açores no Verão foi uma experiência que reconheço agora ser difícil de traduzir por palavras. A beleza dos cenários transcende a poesia, porque essa tem a sua reserva na memória. Ali, em vez, esse lado inexprimível dos sentidos faz-nos rapidamente acreditar mais em deuses e bruxarias, enfim, em coisas menos humanas, ou se quiserem, sobre-humanas: há lagoas em crateras, vulcões em alto mar com águas cristalinas, vapores a brotar da terra, os maiores mamíferos da Terra banham-se nestas paragens, há água a escaldar em praias do mar feitas de pedras negras e de forma lunar. Ficamos embriagados de verde e azul. Depois há o que o Homem fez, e também aí encontramos tesouros. Um fartote que torna quase inconcebível o regresso a casa (que, somatizado ou não, coincidiu com uma amigdalite de pôr um elefante k.o.).