terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Zum zum...

A morte de Carlos Castro, cronista com quem partilhei uma mesa de debate no início da minha actividade como militante da causa LGBT, tem gerado no vox populi motivo de acesas conversações. E levanta velhos fantasmas homofóbicos que por vezes julgo esquecidos. "Que teve o que merecia", "merecia muito pior" ou "que o miúdo seguramente foi desviado pelo velho" são algumas das pérolas que me têm chegado aos ouvidos. Em momentos assim percebo como debaixo da fachada bem-conversante e apaziguadora do nosso portugalito moram ainda preconceitos bem enquistados, que raramente conseguimos aflorar, a não ser em ocasiões excepcionais como a do casamento ou esta. É ainda e sempre a fobia do diferente, aqui bem representada pela diferença de idades, pelo tipo de relação e pela forma (queer) como C.C. se apresentava publicamente. Os media perceberam isso de imediato e não nos pouparam imagens do modelo em calção de banho, como que para imprimir uma natureza 'sexuada' ao crime e reforçar o contraste de corpos (o 'saudável', em toda a sua significação, por oposição ao 'doente', decadente e perversor). E temos novela para os próximos tempos, agora que já ninguém aguenta o intervalo publicitário completo para saber mais detalhes do caso Maddie.