terça-feira, 25 de janeiro de 2011

"A vida em surdina", de David Lodge

Um romance (sugestivo título português para o intraduzível original 'Deaf Sentence') que balança na perfeição entre o drama e a comédia, sem sair de um registo intimista, que nos faz seguir o protagonista (um professor universitário recentemente reformado, com uma surdez parcial) como uma sombra nas páginas do seu diário. A melancolia é uma inevitabilidade, mas podemos aligeirar o seu peso com alguma auto-irrisão, é a mensagem que parece sair deste texto. E podemos relativizar os nossos dramas, quando os enquadramos devidamente (veja-se a sequência seca mas eficaz da visita ao campo de Auschwitz) e eles nos fazem crescer, preparando-nos para o futuro (que é, em última instância, o que o pai do protagonista personifica).