sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"O pintor de batalhas", de Artur Péres-Reverte

De todas as experiências, imagens e emoções vividas por um fotógrafo de guerra, o que permanece impresso na sua memória? Qual o peso de uma dor, de uma injustiça, de uma morte? Algo que ultrapassa a sua capacidade de raciocinar? E se for algo que o atormenta, uma obsessão equivalente a um impulso suicida? Poderá libertar-se através da pintura, procurar refúgio e combater os demónios recriando-os com pigmentos numa superfície despojada? É o que procura o protagonista desta história, um texto de leitura algo dolorosa e que ganharia, a meu ver, com alguma economia narrativa (um conto de 40/50 páginas não ganharia em eficácia e impacto?). Talvez o escritor de origem cartagenense, ele próprio jornalista, tenha necessitado de espaço para expor os seus próprios demónios. De resto, a descrição do desafio que é pegar nos materiais, dominá-los e transformá-los em médium das imagens no cérebro é bastante bem feita, como poderá asseverar quem já tentou calcorrear essa estrada.