quarta-feira, 30 de março de 2011

O escritor e a escrita

Outro romance (novela?) de Cunningham sem grande chama, lido quase como quem procura no último parágrafo a redenção das trezentas páginas anteriores. Existem ingredientes que alimentam essa esperança, que se concentram nas personagens e na sua pequena história individual (e era aí que residia o fascínio singular de livros que não trouxeram fama ao autor, como "Sangue do meu sangue" ou "Uma casa no fim do mundo"). Mas a vontade de erguer a fasquia da narrativa a outros patamares, um certo ensejo de épico e ensaística, águas onde evidentemente nem todos sabem navegar, tornam flagrantes os limites do escritor (precisamente para além do material humano e quotidiano que poderia evidenciar a sua identidade).