quarta-feira, 4 de junho de 2008

Navegar com Gore Vidal


Navegação ponto por ponto, explica-nos o autor como introdução a mais um volume das suas memórias, designa a capacidade de orientação a partir de um conjunto de referências geográficas, uma espécie de mapeamento em construção. A premissa explica o registo da reflexão autobiográfica de Vidal, cativante e estimulante como sempre foi para mim, agora com o plus de oitenta e três anos de vivências tudo menos desinteressantes ou monótonas. No final, ficamos com a impressão de uma cartografia pessoal de uma época, mais do que o percurso biográfico de um autor que nunca se deixou encurralar pelas ideologias ou pelo senso comum. Vivo e observo, logo experimento e desafio, parece-nos dizer Vidal, em jeito de testemunho pela sua passagem por este velho pequeno planeta. E por ali ficamos a saber que Greta Garbo aprendeu a praticar ioga depois de ter sido dispensada pelos estúdios ou que Roma era uma cidade interessante para morrer.
Navegação Ponto Por Ponto - Memórias 1964-2006, de Gore Vidal, Editora Casa das Letras