domingo, 12 de outubro de 2008

Il visconte dimezzato


Tinha planeado fazer uma ilustração para acompanhar este post, mas como ela ainda não se encontrou com o bloco de desenho, fica o registo da leitura e uma foto do autor. Em italiano, para andar mais perto da ideia inicial, ler Calvino significa quase sempre entrar num mundo de fábula e burlesco imaginativo, aqui com a imagem do homem cortado ao meio a servir de metáfora e pretexto para um ensaio sobre a dualidade humana (presente, de resto em todos os personagens do conto), e de como na contemporaneidade o mal e o bem são agentes difusos e por vezes complementares. Ah, Calvino estudou e viveu em Turim, onde se engajou durante a guerra no movimento da resistência. Também ele participa assim historicamente nesta ideia bem real de duas Itálias que se repelem a vicenda, a da direita e a da esquerda, do catolicismo e dos intelectuais liberais, a das famílias dos colaboradores e a dos partigianos. O país cortado ao meio, como o visconde da fábula, só que sem final previsto.