quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Mercador de Shakespeare


Abonados com duas entradas à borla, lá fomos a uma das (re)apresentações do 'Mercador de Veneza' no São João. A expectativa em modo zero (gerada por encenações anteriores de Ricardo Pais) ajudou a criar algum interesse e até a tentar pôr de lado um pacote considerável de preconceitos conscientes relativamente às peças no nacional. Mercê do texto, brilhante e universal como todo o Shakespeare, e de um aparato cénico que disfarçou (desta vez muito bem) a falta de outras ideias (a proposta de amplificação do som estranha-se, mas depois entranha-se, mas que vão dizer os puristas do teatro?). Vá lá, até que não são duas horas e meia mal passadas e o público, por razões misteriosas, acedeu ao apelo e já lotou todas as sessões. Será a ideia da crise já a suscitar necessidades escapistas? Ou um dos actores ser galã de novela ajuda?