
Há quem se irrite solenemente com os filmes do Eric Rohmer. Ou porque os personagens são snobs, ou porque não se calam, ou porque pura e simplesmente não vêm interesse em nada daquilo. Para mim, Rohmer é um dos génios do cinema. Não pelo arrojo formal (até há algo de tremendamente contido, como se se quisesse despojar cinematograficamente o objecto, reduzindo-o à sua essência). O que me atraí é a leveza com que organiza os seus pequenos contos, dotando as personagens de um saber ser que para mim é todo um compêndio de filosofia, a que regresso sempre que posso. E regressei neste sábado, à acolhedora sala do Teatro do Campo Alegre, para ver "Noites de Lua Cheia" (de 1984). Foi no mesmo dia em que fiquei a saber duas boas notícias para o Porto: o afastamento do Red Bull Air Race para a capital (em boa hora!) e a reabertura do Cinema Nun'Álvares, que regressa assim à condição de única sala de cinema da cidade (não considerando, por razões cuja enumeração considero disponsável, os antros de degustação de pipocas dos centros comerciais).