quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Não-lugares, de Marc Augé


Multiplamente citado, o conceito de não-lugar nasce num pequeno ensaio crítico acerca das transformações no olhar antropológico. Basicamente, procura definir a mutação resultante das transformações nos conceitos de espaço e tempo, por sua vez decorrentes da aceleração da 'sobremodernidade' (de que são exemplos a possibilidade de comunicar com todo o planeta em simultâneo, ou a multiplicação das mobilidades). Nessa mudança, aquilo que explica o que somos é cada vez mais esse estado de transição (definido exemplarmente pelo tempo que ocupamos em espaços como aeroportos, autocarros, auto-estradas, hoteis, em viagem, etc), por oposição a uma visão de permanência e de identidade confinada (que procurava, nesse olhar antropológico do 'outro' uma essência imutável e ritualmente reproduzida). Desta forma, Augé contraria a perspectiva mais conservadora que olha para estas mudanças como uma alienação e motor de desagregação social, conferindo-lhes antes uma esperançosa capacidade de reconstrução identitária.