terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Cara/o deputada/o,

Aproximando-se a data da votação dos projectos sobre a igualdade no acesso ao casamento civil, queria deixar aqui o meu apelo pessoal à sua aprovação. Trata-se de uma matéria de cidadania, de dignidade e igualdade, todos princípios inscritos na nossa Constituição, esse texto que nos define enquanto sociedade e pelo qual queremos ver orientada a acção das nossas instituições.
Nas minhas actividades pessoais e profissionais tenho tomado contacto com vários tipos de discriminação e poucos me parecem tão gritantes como a realidade das pessoas (e sobretudo os jovens) gays e lésbicas. Felizmente, não o poderemos negar, a mudança recente de valores tem permitido uma maior abertura à diversidade. Contudo, há ainda um grande combate a travar contra a homofobia, contra os preconceitos e atitudes que impedem um crescimento saudável e integrado e uma relação familiar, pessoal e profissional enriquecida. A batalha deve travar-se em várias frentes: na escola, em casa, nos meios de comunicação, nos locais de trabalho e em todos os espaços do quotidiano. É o Estado que deve dar o exemplo, tratando de forma igual todos os cidadãos, reconhecendo a legitimidade do seu direito à conjugalidade e dessa forma respeitando o artigo 13º da Constituição da República Portuguesa.
É esse o exemplo que gostaria que pudessem dar a todos os jovens deste país; é esse o exemplo que gostaria que dessem aos meus pais e aos pais do meu companheiro; é esse o exemplo que gostaria que dessem ao mundo, sobretudo aos governos de nações que penalizam severamente as relações homossexuais, violando dessa forma os direitos humanos mais básicos.

Confiante da vossa atenção,


(carta que enviei aos deputados da Assembleia da República, a propósito da votação da discussão das propostas de igualdade no casamento e adopção que terão lugar no dia 8 de Janeiro)