sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

"O profeta", de Jacques Audiard


Um homem novo e um homem velho. Ambos se encontram (é mais colidem) num estabelecimento prisional, e enquanto um tenta dominar o outro, passam-se testemunhos e histórias de sangue e traição. Um pequeno e fascinante épico de gansters, registado de forma frenética e fresca pelo mesmo criador do igualmente interessante "De tanto bater o meu coração parou". O percurso do jovem protagonista (Tahar Rahim, na foto) é também o do analfabetismo ao do domínio da linguagem (a transfiguração dá-se no momento em que o 'capo' se apercebe que o puto aprendeu o estranho dialecto corso, password de acesso ao mundo dos durões). E o que é mais interessante: a violência, tão mal explorada enquanto objecto fílmico nos dias que correm, e que é inevitavelmente uma dimensão presente no quotidiano de uma boa parte da realidade humana, encontra-se aqui na medida certa, nem mais nem menos do que o necessário para se perceber que é assim que se ganha e se perde poder (e pathos dramático).