sexta-feira, 16 de julho de 2010

A bela Charlotte


Do tempo em que as musas eram presenças inspiradoras e povoavam o imaginário da vanguarda artística e cultural europeia, sem corantes nem conservantes digitais, havia, para mim, uma presença maior entre as maiores: Charlotte Rampling. Apanhei-a em diferido, mas nunca mais me esqueci daquele grande plano no Stardust Memories, em que ela, lavada em lágrimas, confessa para a câmara: "I just can't feel anything" (é um filme norte-americano, é certo, mas nessa altura o Woody Allen só fazia filmes a la Bergman ou a la Fellini). Era um outro tempo pessoal também, em que mergulhava no ecrã como quem procura um lar. Hoje à noite, mal posso acreditar que a vou encontrar, aqui ao lado.