sexta-feira, 9 de maio de 2008

Eu e o Indie


Um ciclo de cinema alternativo, extensão de um festival jovem mas com reputação firmada - Indie Lisboa - é sempre uma iniciativa de saudar numa cidade como o Porto. Cinema alternativo significa êxodo da imagética dominante. O filme solicitava algum espírito de abertura: "The heroe never dies", rezava o folheto, retratava uma história de gangsters. E lets face it, isso é algo que com Scorsese aprendemos a amar e que aprendemos a odiar, em dois momentos diferentes e conclusivos. E o filme cumpriu a sua profecia: uma história de masculinidade hiperbolizada, violência gráfica e sem narrativa, uma histeria visual de difícil digestão, que me deu vontade de espancar críticos, como naquela cena em que o Nanni Moretti torturava o autor de uma crónica apologista de "Henry, o retrato de um assassino", obrigando-o a ouvir o seu próprio texto. Mas no final compensou. Era a reabertura simbólica de uma sala de cinema no Porto (o Trindade, sala histórica encerrada há quase uma década), e a oportunidade para respirar de novo o cheiro da cinefilia na invicta. Era um fedor de mofo, é certo, mas soube por mil sessões assépticas de multiplex.