quinta-feira, 15 de maio de 2008

Um cavalo na noite

Foi bom ser um livro humano. Os miúdos ficam curiosos com o que uma pessoa de carne e osso possa ter para lhes contar sobre o que é ser-se homossexual, como é sair do armário ou como se lida com os insultos. E supreendem-se com a naturalidade com que os livros humanos se contam. É uma ajuda, espero, para que ultrapassem preconceitos que herdaram de outras gerações. No dia seguinte à iniciativa, participei numa tertúlia em Aveiro, promovida pelo núcleo local da Amnistia Internacional, a pretexto do 17 de Maio, o Dia Mundial de Luta Contra a Homofobia. Pouca gente para uma conversa que até se revelou estimulante. O regresso tardio levou-me de encontro a uma imagem insólita: um cavalo corria desenfreado pela auto-estrada, de encontro aos automóveis, apenas visível em ápices iluminados pelos faróis. Perseguia-o um homem com uma espécie de corda na mão, destemido e indiferente ao perigo. Liguei ao 112 e ao relatar o que tinha visto, ponderava se me levariam a sério.