sábado, 20 de setembro de 2008

Porto, Porto

Realizo aos poucos a pequena mas notória diferença que existe entre viver numa e noutra margem do rio em termos de percepção da urbe. Não vivo na baixa, mas fica a distância pedonal, o que significa poder experimentar a cidade de uma forma muito mais regular e mais prolongada. Para além das visitas regulares aos vizinhos jardins do Palácio (para as sessões livres de ioga, uso da biblioteca, esplanada, concertos e panorâmicas sobre o relvado), poder circular pelas galerias ou simplesmente apreciar a arquitectura e fauna local à porta de casa é um previlégio. Descubro também que o Porto está a reconquistar a noite: é ver as multidões de betos, pirosos, cavalonas, xungas, rastas, azeiteiros ou ménes a circular entre o piolho, rua das Galerias de Paris ou travessa de Cedofeita, para concluir que os tripeiros (e aqui estou a incluir todo o tipo de recém-chegados e visitantes) perderam a vergonha e o medo do escuro.