quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Daisy Miller, de Henry James


Lido numa edição da icónica colecção da Penguin Popular Classics, a famosa novela de Henry James é tudo o que se pode esperar do escritor americano enfeitiçado pelo charme e decadência europeus de finais do século XIX. Uma jovem da nova aristocracia americana desperta para o mundo em viagem pela velha Europa, observada e criticada pelos zeladores das convenções sociais. A sua viagem é também o caminho de encontro àquela personagem muda (como diz Calvino) mas fundamental como chave de leitura da intriga: a malária, que organiza a tragédia final e simboliza essa ideia de um universo sedutor mas perigoso ou mesmo letal. Mas é sobretudo pela subtileza da linguagem, onde não se desperdiçam vocábulos, que o texto conquista. Se a memória não me falha, foi Peter Bogdanovich, um dos realizadores da fornada rebelde que lançou os Coppolas e Scorseses, que tentou nos anos 70 uma (aparentemente mal sucedida) adaptação ao cinema da história, tendo como protagonista a sua companheira de então uma Cybill Shepherd acabadinha se sair do belíssimo "The last picture show" (também de Bogdanovich), e que se tornou, claro está, o rosto e corpo inevitável que acompanhou a minha leitura.