sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Visto


Profundo Carmesí, de Arturo Ripstein (1996).
Uma bizarria. Fez-me lembrar um pouco os melodramas da fase mexicana de Luis Buñuel, que eu sempre preferi secretamente ao resto da sua obra. Especialmente a obsessão patológica com o capachinho do protagonista masculino. Descubri até que o realizador tinha sido assistente no "Anjo Exterminador".
Era só para registar. Agora é hora de fazer as malas. Amanhã é dia de viagem. Regresso marcado para daqui a sete dias, se os santos ajudarem. Até já.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Torino 1998


Dez anos é muito tempo? A descobrir em 72 horas, em contagem decrescente.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Três tempos


Como uma qualquer obra de contos, há-os mais interessantes ou intrigantes do que outros. É o mesmo com este filme de Hou Hsiao Hsien: temos altos e baixos, mas em diversidade suficiente para não nos aborrecer. Existem três épocas, três histórias e três abordagens formais, sempre com os mesmos actores (é um exercício interessante assistir às suas metamorfoses, talvez mais até do que às transformações estilísticas dos episódios). No cômputo geral, uma proposta a ver com disponibilidade, elegante e contemplativa, e que nos traz bons agoiros do cinema do oriente. O ciclo, que é uma óptima oportunidade para repescar filmes perdidos durante os últimos meses, continua no Teatro do Campo Alegre (valha-nos estas migalhas, sem uma cinemateca no norte...).

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Pais e Filhos (não, não é uma revista)


Um livro pode ser votado ao amor táctil, como cantarolou Caetano Veloso. Foi esse o caso, entre outros, desta última leitura: Pais e Filhos, do russo Ivan Turguéniev, numa bela edição da Relógio D'Água que inclui na capa uma pintura de Claude Monet. Aparentemente, é um autor relativamente esquecido, apesar de comparado por muitos ao calibre de um Dostoyevski. É a ele que o australiano Robert Dessaix dedica o pequeno romance "Crepúsculo do Amor", uma ficção crepuscular, pois sim, que nos dá a conhecer o ambiente cultural em que se fez a gestação deste mestre da palavra escrita do século XIX.

domingo, 21 de setembro de 2008

Porto, Porto #2

sábado, 20 de setembro de 2008

Porto, Porto

Realizo aos poucos a pequena mas notória diferença que existe entre viver numa e noutra margem do rio em termos de percepção da urbe. Não vivo na baixa, mas fica a distância pedonal, o que significa poder experimentar a cidade de uma forma muito mais regular e mais prolongada. Para além das visitas regulares aos vizinhos jardins do Palácio (para as sessões livres de ioga, uso da biblioteca, esplanada, concertos e panorâmicas sobre o relvado), poder circular pelas galerias ou simplesmente apreciar a arquitectura e fauna local à porta de casa é um previlégio. Descubro também que o Porto está a reconquistar a noite: é ver as multidões de betos, pirosos, cavalonas, xungas, rastas, azeiteiros ou ménes a circular entre o piolho, rua das Galerias de Paris ou travessa de Cedofeita, para concluir que os tripeiros (e aqui estou a incluir todo o tipo de recém-chegados e visitantes) perderam a vergonha e o medo do escuro.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Freaks


A minha primeira visita ao famoso (cá no burgo) hair designer da zona arty da cidade. O dinheiro valeu sobretudo pelos mimos, massagens e outros apaparicos (pelo resultado final apenas podem responder outros). Enquanto fitava o espelho, tentando observar o moço que planava à minha volta como uma abelha sem zumbido (aterrado com a perspectiva de ser apanhado), pensava se na cabeça de quem se saiu com o nome do salão estaria a perspectiva de transformar cada cliente em one of us, one of us!

domingo, 14 de setembro de 2008

La Virgen de Los Sicarios, de Fernando Vallejo


Na Colômbia de Vallejo, a sombra da morte estrutura o caos do quotidiano, e é em torno da sua fuga, mas também da sua omnipresença, que se desenrolam as transacções, as sociabilidades possíveis, a corrupção política e impossibilidade de nos agarrarmos a qualquer tipo de certeza excepto essa, a do perecimento e da perenidade das coisas. Morre-se aos doze, dez ou menos anos, com uma bala na boca se a transgressão foi verbal, ou nos ouvidos se se escutaram coisas erradas. E no meio disto, descobre-se uma comovedora história entre dois soldados da vida de Medellín, como que a provar que a única ficção capaz de sobreviver é a do amor, ainda que sem esperança.

Intervenção Divina, de Elia Suleiman


Um maravilhoso filme mudo (bem, praticamente mudo), em que os diálogos são feitos com imagens e movimentações de personagens. Num ambiente reprimido, a Jerusalém do ano 2002, corpos entram e saem do cenário de forma robótica, encenando pequenas situações de humor e recriando um amor cheio de fantasia entre um israelita e uma palestiniana numa fronteira de controle. Uma pequena grande pérola de cinema vinda do Médio Oriente. A requisitar numa biblioteca pública perto de si.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Cenários para a infância II

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Mão e reflexo

domingo, 7 de setembro de 2008

Lacrimae Rerum: psicanálise cinematográfica


Lê-se com algum desconcerto, este pequeno conjunto de ensaios de Slavoj Zizek, filósofo e psicanalista, cujas teses parecem reincidir sobre os mesmo conceitos do documentário The Pervert's Guide to Cinema (pequeno excerto em baixo). As análises, como uma teia de associações livres, rebuscadas e libertinas, podem gerar alguma repulsa, mas também reside aí algum do seu fascínio. Temas como a duplicidade ontológica ou do sacrifício, que atravessam obras de Kieslowski, Hitchcok, Lynch ou Tarkovsky (os cineastas analisados), apondo realidade à sua reflexão fantasmagórica, ou a ideia que o cinema recria percepções da vida que já emergiam nalguma literatura do século XIX, tal como agora o hipertexto cibernauta se constitui como veículo de uma nova percepção (transitória e múltipla), são explorados de forma detalhada e convincente (talvez um pouco mais de auto-irrisão, como parece assumir a própria persona cinematográfica de Zizek, não fizesse mal à obra).

sábado, 6 de setembro de 2008

Aeropânico


O que leva as pessoas a interessar-se por um bando de pilotos irresponsáveis com carência de atenção a fazer piruetas dentro de uma cidade ultrapassa-me. Os pássaros calaram-se ou fugiram, o acesso ao rio foi vedado a todos os transeuntes (inclusive aos habitantes da zona ribeirinha, que para passear no seu próprio espaço precisam de pagar entrada), o ar está seguramente mais poluído e a minha cabeça lateja de tanto zumbido. E afinal os media não tinham decretado nas últimas semanas que voar era perigoso (embora estranhamente se tenha dado pouco destaque à denúncia dos próprios funcionários de uma célebre low cost)? Não deve ocorrer nada de mais interessante para investir o herário público. E que tal umas eleições autárquicas com candidatos em condições?

A borboleta no castelo

terça-feira, 2 de setembro de 2008

(re)Vistos


Ladrão de Casaca (To Catch a Thief), de Alfred Hitchcock

Corrupção (The Big Heat), de Fritz Lang