segunda-feira, 4 de maio de 2009

Novas Oportunidades, velhos desesperos

Acabo por não participar nas manifs do primeiro de Maio. A inércia e cansaço de outra semana de trabalho em que o pouco que fazia sentido se esvanece faz-me procurar alternativas. Agarro-me a qualquer coisa que me ajude a não pensar em Novas Oportunidades: fazer um almoço, olhar para o céu, arrumar roupa, convidar amigos para ver um filme. Tudo, mas mesmo tudo me parece melhor do que me sentir cúmplice desta hipocrisia galopante a que tem aderido o povo, injectado de uma renovada auto-estima que enche os centros de formação, as salas de espera, as nossas cabeças, o nosso sono. Tudo é para ontem, tudo é pedir demais, tudo é complicado, tudo é despropósito quando o propósito é chegar ao olimpo dos qualificados. E hoje, no dia em que desapareceu o mítico Vasco Granja, enquanto me inscrevia numa oficina de banda desenhada, invejava a aparência de vida despreocupada da senhora que me oferecia a ficha de inscrição. E, para além do Sol e de um abraço quente, agarro-me a essa ilusão para me ajudar a ultrapassar estes dias tâo cheios de mentira. Se alguém chamar por mim, estou por ali a ver anúncios de emprego.