terça-feira, 13 de outubro de 2009

A hermenêutica proletária


v.h.m por Nélson d'Aires

E se repente, pensei eu, decidisse experimentar um novo autor português? Para estas coisas basta uma linha que alguém deixa escrita a dizer, por exemplo, 'já só consigo pensar no próximo livro do Valter Hugo Mãe'. E assim foi, com esta linha na mão, e o apelo de um título - "O apocalipse dos trabalhadores", que me lancei numa viagem deslumbrante por uma escrita fresca e terra-a-terra como já não via há muito. Todos julgamos conhecer estas mulher-a-dias, carpideiras e trolhas ucranianos. Mas afinal não, e todas as paixões do mundo terreno e do além respiram nas suas almas e corpos feitos palavras. Digeri o livro, e depois, como que à espera do próximo pitéu, inscrevi-me numa comunidade de leitores aqui mesmo ao lado, na biblioteca municipal. De quinze em quinze dias, parece que há uma confraria que se reune lá para degustar em conjunto uma iguaria da nova literatura portuguesa. Também parece que (e ainda bem) se podem correr vários riscos...