terça-feira, 13 de abril de 2010

My lives, de Edmund White


Uma autobiografia de alguém que admiramos exerce sempre (pelo menos para mim) uma atracção indefinível, porque nos permite partilhar a sensação de diálogo murmurado, uma ilusão de intimidade com maior validade do que um simples par de encontros sociais. Passamos (ou desejamos passar) a conhecer essa vida de uma forma particular, como se dentro de um clube exclusivo. Entregues a essa ilusão, abandonamo-nos ao prazer da leitura. Edmund White, um autor de escrita já de si de cunho autobiográfico (mesmo quando ficionada, a sua literatura bebe na experiência da vida, da juventude, com "A vida privada de um rapaz" ao amadurecimento, com "Um homem casado" e "Sinfonia a Despedida", todos imprescindíveis), entrega-nos um retrato desarmante de franqueza, com uma mestria insuperável neste registo. Raras vezes (ou nunca) me deparei com uma história de vida descrita de forma tão crua e despida de censuras, tão majestosamente humana.