quinta-feira, 3 de abril de 2008

The Mist


Afinal ainda há bons filmes de terror. The Mist, a enésima adaptação de um texto de Stephen King, é uma boa prova das aprendizagens essenciais dos melhores trabalhos de John Carpenter. O postulado principal indica aqui que 'menos é mais': menos explicações, menos música, menos recursos, menos efeitos especiais equivale a mais mistério, mais ansiedade, maior economia e eficácia narrativa. A evocação do paradigma do deus cristão vingador faz o resto, aqui bem representado pelo seu avatar, a figura dantesca que surge na sequência final, que os poucos personagens que nos restam contemplam aparentemente com maior admiração e fascínio do que temor. Em frente àquele vidro da loja onde toda a trama se concentra, os monstros lá fora parecem meras distorções do reflexo dos humanos, e raramente vemos mais do que as suas silhuetas. É nesse espaço que a parábola do juízo final ganha forma, ao ponto de se repetirem tentativas de fuga. O mal não tem nemesis e nem num final de Hollywood se encontra redenção.