
Há livros que se lêem como se alguma voz cá dentro nos ditasse ainda um sumário para uma lição que ficou perdida, na escola universal do intelecto. E este é um deles, um dos que Calvino nomearia como um clássico, um canône literário anglo-saxónico, que reconheço ter lido sem prazer e até alguma perplexidade, por não vislumbrar nele a matéria de que são feitas as narrativas que nos agarram às palavras e aos objectos-livros. Diria que, num combate onírico-literário-juvenil, a Alice perderia em qualquer altura com um, digamos João Sem Medo, desse texto tão mais deslumbrante e desconhecido que o José Gomes Ferreira nos deixou (engraçado, é mesmo daqui que vem a frase familiar: "É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir". Ele há coisas...).