terça-feira, 28 de setembro de 2010

Plano de cinema alternativo

O retrato delicado do enamoramento de dois rapazes, filmado num ritmo lento, supreendentemente ajustado à forma como estas coisas realmente acontecem: com recuos, hesitações, passos impulsivos e novos recuos. Com poucos personagens e quase inteiramente suportado por actores espontâneos e generosos na sua entrega, com uma narrativa económica e diálogos parcos, não tardou que a plateia (essa entidade hoje tão treinada para ver o cinema como um bom pretexto para deglutir pipocas e que se aborrece se estas acabam primeiro que a projecção) começasse a manifestar o seu desconforto e ansiedade. Mas quem já conheceu uma destas amizades e sentiu na pele este desconcerto que é o da descoberta de que não somos bem quem pensamos ser, verá bem empregue o tempo a ver este filme maravilhoso que encerrou o festival de cinema Queer Lisboa.