segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O olhar de José Luís Peixoto

A primeira tentativa séria para conhecer o fru fru em torno deste autor fica-se pela confirmação da incapacidade (minha ou dele, está para se ver) em transformar um conjunto de figuras de estilo (ou tiques, para os mais desconfiados) num pedaço de literatura apetecível. Não é que não estejam lá - em "Nenhum Olhar", o romance de estreia - os ingredientes certos: há o retrato de um Alentejo desconhecido por muitos (olá, aldeia das Galveias, que saudades dos vossos queijinhos frescos de cabra!); há uma paleta colorida de cenários e personagens que rapidamente podemos chamar 'nossos'; há uma pan-religiosidade que emana de toda a(s) história(s). Mas o todo, para mim, não resulta, e até torci o nariz a algum português que para ali se pratica, disfarçado de 'marca autoral'. Pronto, admito que sirva para alguns (ok, muitos) leitores. Eu é que com os livros sou como a roupa: é difícil encontrar a minha medida.