segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Paralisia facial periféria

Há dois dias com a face esquerda anestesiada, tenho dificuldade em olhar-me ao espelho. Trata-se de uma espécie de paralisia que afecta o nervo facial, geralmente precedida de alguns sintomas (no meu caso, uma dor no ouvido, embora tenham detectado algumas coisas estranhas no meu espaçoso nariz e ordenado uma coisa que estou a tentar evitar há demasiado tempo: uma correcção do septo, essa protuberância que tanta personalidade me empresta). Seria apenas divertido, se não fosse também limitador. Tenho que me preparar para algumas semanas de adaptação a falar diferente e comer devagar (sempre com um guardanapo por perto). Mas, sobretudo, tenho que perceber (talvez pela primeira vez com esta acuidade) que quem somos passa muito pelo que fazemos com a nossa cara, e que se ela se torna inexpressiva, somos como que uma parede inerte, que não responde ao seu ambiente. Só o tempo e o espelho (com a ajuda de exercícios e sessões de fisioterapia) poderão dizer quanto tempo demorarei a recuperar a minha cara-metade.