quinta-feira, 5 de agosto de 2010

"Brooklyn", de Colm Tóibín

Madrugar tem destas vantagens: levantar, tomar o pequeno-almoço com toda a tranquilidade, preparar um café para degustação lenta, abrir um livro e ficar absorto até à hora do banho matinal. Sobretudo quando as palavras são manuseadas com a mestria deste autor irlandês, acreditamos que não há melhor maneira de começar o dia. Eilis é uma rapariga irlandesa cujo destino quis que emigrasse para outro continente, instalando-se de malas e projectos na cidade de Brooklyn. Como todos os desenraizados, ao fim de algum tempo a sua cabeça e o coração dilaceram-se entre dois mundos, o velho e novo. Quem já viveu fora de casa conhece o sabor dessa separação, que cria como que um duplicado de nós próprios, que a tempos emerge nem sempre no sítio certo. E Toibín confere uma tessitura fabulosa a este personagem (muito Jamesiano, como se tem comentado), transportando-nos para as suas emoções de uma forma tão simples que desarma. E conquista. (Já existe uma tradução portuguesa, editada pela Bertrand)