segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Aonde a escrita nos levar

Há livros que se nota serem fruto de um simples e inegável prazer pela escrita. Imaginamos os autores a escapulir dos seus afazeres profissionais e domésticos para escrevinhar quase às escondidas algumas linhas, como quem pratica uma necessidade ou cede a um impulso. E chegam às mãos do leitor assim, sem grande apuro formal, investimento criativo, labor ou outras complexidades literárias. É só por perceber isso que não se desiste da leitura de um trabalho sem narrativa, história e de personagens que lutam pela sua própria existência enquanto tal. É nos interstícios da quase-história-que-nunca-chega-a-acontecer que surge o mais interessante que este livro oferece: pequenas reflexões sobre a condição da escrita, do escritor, da demiurgia e das pequeninas intersecções entre a vida e a arte.