domingo, 23 de dezembro de 2007

Caminhada no Soajo


Um passo a seguir ao outro, firme e ritmado, a respiração sincopada em sintonia. Uma inspiração serve para cada duas passadas estugadas. A subida ao monte também requer um esforço de abstracção, que o vento cortante e as pedras de geometria variável procuram contrariar, conferindo outra tessitura psicológica à chegada ao cume. A descida pelo vale é menos exigente, permitindo-nos divagar no bucolismo da luz do entardecer, o gorgulhar da água, as cores outonais e o abandono das árvores carbonizadas por incêndios recentes recortadas contra o céu. Pelo meio, uma pausa breve para retemperar energias mal me serve para esboçar uma chaminé num abrigo serrano. Caminhar é preciso. Viver não é preciso.