terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Don't come knocking


Não desgosto deste tipo de história. Uma personagem crepuscular, em viagem retrospectiva pelas mossas causadas pelas glórias do passado, um misto de road movie e bildungs roman. E havia um plus, o reencontro de um casal adorável do cinema norte-americano: Sam Shepard, que também escreveu o argumento, e Jessica Lange, ambos já bem para além da idade autorizada pela indústria. E até há planos interessantes, que fazem eco com aquelas pinturas de abandono do Edward Hopper (não sei até se esta, que deu origem ao cartaz, é uma citação directa). Mas depois há Wim Wenders, esse peculiar e sobrevalorizado "fenómeno" cinematográfico, que parece ter os trunfos na mão, incluindo alguma mestria, para fazer um bom filme, e deita persistentemente tudo a perder com um produto final desorganizado e bacoco. Mas pronto, não deixa de ter recheio suficiente para se apresentar como uma boa alternativa ao jantar de farrapo velho do dia de Natal.