terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Filosofia do amor


Um dia, quando menos esperamos, um livro pode mudar a nossa vida. Foi com essa vaga esperança em mente que o trouxe, quando, à espera do início de uma sessão de cinema, me lancei numa das actividades preferidas do homem moderno: a flenêurie de livraria. Os "Ensaios de Amor", de Alain de Botton, escritor popularizado pela sua abordagem à filosofia da vida quotidiana, articulando elementos da linha dura da filosofia clássica com a trivialidade da vida dos mortais e num estilo acessível e semi-romanceado, não me salvaram nem transformaram a minha epistemologia sentimental. Mas reconheci-o de forma sorridente, cativado com a sua análise do relacionamento amoroso e com a inevitável conclusão das suas leis insondáveis. Pelo meio, arrisca definições interessantes, como a do amante marxista, aquele que nunca pertenceria a um clube que o aceitasse como membro, ou a do positivista amoroso, que acredita na cura e aprendizagem da paixão e da sua ausência. A competência para amar, como na música dos Clã, é ou não a capacidade de mergulhar no nosso eu mais profundo, sem nos esquecermos de cumprimentar o patrão ou de pagar as contas da luz e do seguro automóvel no final do mês?